As frotas vêm dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, França e Itália. Sua missão: resgatar pessoas, trazer recursos e transportas armamentos
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Navios de guerra enviados por potências ocidentais dirigem-se, nesta quarta-feira, à Líbia. Desde o dia 15 de fevereiro, o país é cenário de uma revolta contra o regime do ditador Muamar Kadafi que já deixou mais de 6.000 mortos e centenas de milhares de refugiados. As frotas que se aproximam da costa líbia são dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, França e Itália. O cerco aumenta ao redor de Kadafi também no interior do país, onde as tropas do regime, compostas principalmente de mercenários africanos, foram expulsas por opositores da cidade petrolífera de Brega, no leste.
Hoje, pela primeira vez, Kadafi tentou recuperar territórios conquistados pelos rebeldes. Enviou cerca de 200 homens, em 60 veículos, vindos de Sirte, reduto do ditador, situado mais a oeste. Os mercenários chegaram a ocupar a refinaria e o aeroporto de Brega, mas foram expulsos quando quatro homens que guardavam o aeroporto conseguiram fugir e voltar com reforços. Foi a maior contraofensiva do governo, que resultou em pelo menos cinco mortos.
Mais reforços - Em apoio aos insurgentes, os americanos enviaram à Líbia dois navios de guerra, o porta-helicópteros USS Kearsarge e o USS Ponce, que já atravessaram o Canal de Suez. O USS Kearsarge pode transportar 800 Marines, uma frota de helicópteros e instalações médicas para garantir apoio a operações humanitárias ou militares.
Zarpando de Gibraltar, a fragata HMS Westminster da marinha britânica vai se revezar com o HMS York sueco, que distribui material médico a Bengasi, segunda cidade do país, em mãos da oposição. A HMS Westminster transporta, em geral, helicópteros MK 8 Lynx, lança-mísseis, torpedos e armas de curto e longo alcances. Segundo um porta-voz do Exército britânico, o navio "embarcou, além do material habitual, equipamento médico, cobertores e lençóis".
Já a França decidiu enviar o porta-helicópteros Mistral, o segundo maior deste tipo da Marinha francesa, para participar da retirada de trabalhadores egípcios, impedidos de chegar a seu país, como parte das medidas decididas pela União Europeia. O porta-helicópteros e a fragata que o acompanha poderiam embarcar "até 800 pessoas", segundo o coronel Thierry Burkhard, porta-voz do Estado Maior.
Partindo de Halifax, na Nova Escócia, a fragata canadense Charlottetown leva a bordo 240 homens e um helicóptero e deverá chegar em seis ou sete dias. Nem sua missão, nem a duração da viagem foram definidas com precisão. Segundo o primeiro-ministro Stephen Harper, o navio deverá fazer parte das operações de evacuação de cidadãos canadenses e internacionais, já em curso na Líbia.
Navios poderão ainda deixar a Itália "em 24 ou 48 horas", conforme informou o chefe da diplomacia italiana. Franco Frattini também disse que o governo de Roma enviará uma nave de ajuda humanitária a Bengasi "assim que as condições de segurança o permitirem".
Crise alimentar - Outro grande inimigo dos rebeldes, neste momento, é escassez de alimentos, segundo o Programa Mundial de Alimentação (PMA), das Nações Unidas. As provisões estão diminuindo no país e sua cadeia de fornecimento bloqueada. Para sanar esses problemas o PMA lançou nesta quarta uma operação emergencial no valor de 38,7 milhões de dólares. Ela deve levar alimentos a 2,7 milhões de pessoas na Líbia, Tunísia e Egito.