Segundo o ministro, seria a empresa norte-americana que estaria informando sobre a possível preferência da presidenta
Brasília, 14 de Fevereiro de 2011
Agência Brasil
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, negou nesta segunda-feira (14) em Buenos Aires que a presidenta Dilma Rousseff tenha sinalizado preferência pelos caças supersônicos F-18, da empresa Boeing, dos Estados Unidos para reequipar a Força Aérea Brasileira (FAB). O rumor surgiu na imprensa após reunião da presidenta com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, em Brasília, na semana passada.
"Ela [Dilma] não tomou decisão nenhuma. Isso foi a imprensa que inventou. Vou discutir isso com ela na terça-feira [15 de fevereiro] ", disse Jobim.
Segundo o ministro, seria a empresa norte-americana que estaria informando sobre a possível preferência da presidenta. "Isso é a Boeing que está dizendo. Por interesses óbvios", afirmou.
A discussão sobre a compra dos aviões de combate começou no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Três modelos de caça disputam a preferência do governo brasileiro. O Rafale, produzido pela francesa Dassault; o sueco Gripen NG, da Saab; e o F-18 Hornet, da Boeing. O governo brasileiro pretende comprar, de uma só vez, 36 unidades. Nos próximos anos, o país deve aumentar as compras até completar 120 aeronaves.
Jobim descartou as especulações de que estaria “desprestigiado” por Dilma e disse que a relação entre os dois é "ótima". "Se eu tivesse desprestigiado, não estaria aqui [em Buenos Aires a serviço do governo]". Para o ministro, as informações são "coisa de lobistas".
O ministro voltou a afirmar que a decisão do Brasil sobre a compra dos aviões está ligada à transferência de tecnologia. "E [essa condição] dificulta em relação à Boeing, por causa da legislação americana [que restringe a transferência de tecnologia bélica]", disse.
Jobim afirmou que a mesma regra valerá para a compra de equipamentos para a Marinha. "Tudo se vincula à disposição do país de transferir tecnologia. A regra básica é a capacitação nacional e a transferência de tecnologia. Não compramos equipamentos. Nós adquirimos pacotes tecnológicos que vêm com equipamentos", assegurou.
Sobre a prisão, no Rio de Janeiro, de policiais acusados de envolvimento com traficantes de drogas na chamada Operação Guilhotina, Jobim declarou que eles devem ir para a cadeia. "Tem que prender mesmo, tem que botar na cadeia. Isso mostra que estas operações viabilizam também a identificação dos problemas internos das polícias. É importante que os inquéritos sejam feitos com rigor e, principalmente, sejam públicos. Como dizemos no Rio Grande [do Sul, estado de origem do ministro], nós temos que ‘exemplar’ (risos)", disse Jobim.
O ministro afirmou, porém, que o apoio das Forças Armadas nas operações de combate ao crime organizado no Rio é uma exceção e espera que o modelo, que envolve as UPPs (unidades de Polícia Pacificadora), não seja exportado para outros estados.
Na visita a Buenos Aires, o ministro se reuniu com o colega argentino, Arturo Puricelli, e com o ministro do Planejamento, Julio de Vido, com quem discutiu a possibilidade de maior frequência de vôos entre o Brasil e a Argentina.