Marina Guimarães - Agência Estado
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou hoje que visitará Londres na próxima semana, mas disse que não vai tratar da compra de navios pela Marinha brasileira. "Não vou discutir isso porque as ofertas são feitas à própria Marinha. Só vou examinar isso depois que tudo estiver pronto", disse ele à imprensa brasileira em Buenos Aires. Segundo Jobim, já foram apresentadas ofertas da Itália, Alemanha e Coreia do Sul. "A França não apresentou oferta e a Inglaterra vai apresentar", disse, afirmando que a britânica BAE é uma das candidatas, assim como as demais.
"A BAE vai ser uma das candidatas, mas tudo está vinculado a: primeiro, a compra não vai se realizar este ano; segundo, tudo depende da disposição que possa ter o país para transferir tecnologia."
O ministro lembrou que as compras de navios para a Marinha e de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) têm uma regra básica, que é capacitação nacional e transferência de tecnologia.
"Não compramos equipamentos, nós adquirimos pacotes tecnológicos que vêm com equipamentos", enfatizou, lembrando que é por esse fato que a proposta da norte-americana Boeing para fornecer os caças à FAB tem dificuldades para ser aceita. "Esse detalhe dificulta muitíssimo, mas não por causa da legislação brasileira, e sim por culpa da americana, que não permite a transferência de tecnologia."
A comparação com a Boeing foi feita em um momento em que a imprensa brasileira divulgou uma versão sobre uma suposta inclinação da presidente Dilma Rousseff pela Boeing. "Isso é a Boeing que está dizendo, por interesses óbvios", afirmou. Jobim relatou que o assunto seria tratado com a presidente na quarta-feira passada, mas a audiência acabou "sendo uma reunião de conversas históricas".
"Ela estava cansada, eu também, porque tinha ido visitar o Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), que passou para a Defesa. Acabamos não tratando de assunto nenhum porque ficamos conversando sobre literatura, sobre Brasil, sobre Rio Grande do Sul, sobre diferença entre Minas e Rio Grande, enfim, história. E aí passaram duas horas de conversa e ela resolveu então marcar a reunião para esta terça-feira (amanhã)", detalhou Jobim.
Na agenda com Dilma, segundo Jobim, os pontos a serem discutidos são "o plano diretor de quatro anos da Força Aérea; a questão da aviação civil - com a criação da nova secretaria; o F-X (programa de compra de caças para a FAB) e os entendimentos de Defesa que têm de ser feitos na América do Sul". Jobim disse ainda que a agenda é grande e inclui o estabelecimento de uma "linha de tempo em relação às ações e o fortalecimento da Marinha, com foco em dois grandes projetos: SisFron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) e o SisGAAz (Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul)".
Jobim descarta compra de navios para Marinha este ano
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