Robert Gates dá 2 anos à Lockeed para resolver problemas
Área Militar
O secretário norte-americano da defesa Robert Gates, avisou que colocou o caça F-35B de descolagem vertical numa situação de desenvolvimento condicional. O fabricante tem dois anos para resolver os problemas técnicos que têm assolado o desenvolvimento da versão de descolagem vertical do caça F-35B e os fuzileiros navais vão ver os seus pedidos de aviões relegados para uma posição secundária.
Em caso de necessidade maior os fuzileiros vão receber caças F/A-18C dos mais antigos ou eventualmente alguns F/A-18E modernos.
O complexo sistema de descolagem do F-35B tem apresentado problemas, mas aparentemente é na aterragem que se encontra o maior problema. O F-35 é um caça muito mais pesado que o Harrier (peso vazio de 11t contra 6t do Sea Harrier) e por isso o esforço sobre os materiais no trem de aterragem é muito maior. O fabricante já afirmou que encontrou uma solução para o reforço do trem de aterragem e da área onde o trem de aterragem se liga com o resto da estrutura do avião, mas isto tem como consequência o aumento do peso da aeronave e pode prejudicar as prestações.
Para responder às especificações, o F-35B deve manter prestações próximas das restantes variantes, atingindo uma velocidade máxima de 1900km/h e capacidade de «Supercruise» ou seja, voar acima da velocidade do som, sem recorrer à pós combustão, um sistema que aumenta a velocidade das aeronaves, mas aumenta dramaticamente o consumo.
Na verdade, o F-35B nunca foi um caça muito bem visto, especialmente entre os oficiais da marinha norte-americana. Desde há bastante tempo que a marinha tem feito pressões para que os fuzileiros navais esqueçam a exigência de um caça de descolagem vertical, utilizando em vez disso aeronaves navais convencionais utilizando catapultas, como as que serão utilizadas pela marinha norte-americana, na versão F-35C.
Os fuzileiros navais têm insistido e continuam a insistir no caça de descolagem vertical, porque ele dá aos «Marines» a capacidade de operar com apoio aéreo, mesmo que não existam porta-aviões disponíveis.
O corpo de fuzileiros navais utiliza os enormes navios de apoio logístico / LHA como o recente «America» que são configurados para em caso de necessidade servirem como porta-aviões ligeiros, podendo operar de 24 até 36 aeronaves F-35B.
Sem os F-35B os fuzileiros navais serão forçados a utilizar a versão naval F-35C, que não pode descolar verticalmente e pior que isso, ficam completamente dependentes da marinha, pois apenas poderão operar de bases em terra ou então a partir dos super porta-aviões norte-americanos. Presentemente os fuzileiros utilizam um frota relativamente ultrapassada de caças F/A-18C/D e Sea Harrier.
Embora os Sea Harrier possam ser utilizados a partir dos LHA, os F/A-18 utilizam bases em terra ou porta-aviões.
Descolagem vertical: uma ideia do passado
Ao contrário do que muitos podem pensar, os aviões de descolagem vertical não foram desenvolvidos com a marinha em mente.
O conceito era eminentemente defensivo e foi desenvolvido na Europa, como forma de garantir a possibilidade de manter grupos de aeronaves que poderiam responder a um ataque soviético, mesmo que as suas bases fossem destruidas.
O avião de descolagem vertical mais conhecido e de maior sucesso, o Harrier britânico, começou por ser uma aeronave da força aérea destinada a ataque e combate a curta distância.
A versão naval do Harrier foi estudada posteriormente e mostrou as suas qualidades durante a guerra nas Malvinas, contra a Argentina. A partir daí, o Harrier passou a ser muito mais conhecido como um caça de porta-aviões (Sea Harrier)[1].
O fim da guerra fria, tornou o conceito de caça de descolagem vertical pouco útil. O desenvolvimento das redes de estradas e auto-estradas, já tinha demonstrado a viabilidade da utilização de um grande numero de rodovias como pistas de pouco em caso de necessidade. Tanto a Suécia como Taiwan, por exemplo, desenvolveram planos eficazes para utilizar caças convencionais, operando a partir de estradas civis fechadas ao trânsito. A não existência de um inimigo claro na Europa, acabou por tornar o caça inútil.
Problemas para outros países
Mas se este tipo de avião deixou de ter utilidade para a Força Aérea, ele tornou-se essencial para as marinhas dos países que possuem porta-aviões ligeiros, que não podem utilizar outro tipo de avião que não seja de descolagem vertical.
Estão neste caso os projectados porta-aviões britânicos[2], e os navios da Itália, da Espanha, da India e da Tailândia, que não terão um sucessor para o Harrier.
Neste momento, as marinhas destes países estão completamente dependentes da decisão que será tomada dentro dos próximos dois anos.
Todas elas poderiam adquirir versões do F-35B e sem esse caça, os porta-aviões desses países só terão utilidade como porta-helicópteros.
A Itália acabou de lançar um navio porta-aviões, que poderá não ter aviões no futuro. A Espanha possui um porta-aviões, e a não existência de uma aeronave de descolagem vertical para o substituir no futuro condicionará a substituição do Principe de Asturias. O mesmo ocorre com a Tailandia, que possui um derivado do navio espanhol.
Os indianos possuem um porta-aviões britânico que opera caças Harrier e estão à espera de receber um porta-aviões russo reconvertido, que utilizará caças MiG-29 de descolagem convencional. O problema não afectará tanto os indianos, já que os navios que têm em projecto deverão dispor de capacidade para operar caças convencionais ainda que sem catapulta [3].
Ainda que não afectando directamente a India, deixa aquele país sem a opção de armar os seus navios com este tipo de aeronave.
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[1] – Na guerra das Malvinas, foram utilizados os Sea Harrier, desenvolvidos para operar em porta-aviões, mas foram também utilizados aviões da Força Aérea, preparados para operar em pistas curtas, pequenos campos de futebol ou estradas. A flexibilidade do Harrier permitiu a sua utilização em conjunto com o Sea Harrier.
[2] – Os britânicos desistiram de construir porta-aviões destinados a aviões de descolagem vertical, tendo optado por adquirir um porta-aviões com sistema de catapultas, convencional.
[3] - O problema que se coloca aos indianos, é o da menor operacionalidade. Um porta-aviões que não tem aviões de descolagem vertical e não tem catapultas, precisa utilizar grande parte da coberta de voo para a descolagem. Isto reduz dramaticamente a quantidade de aviões que podem descolar nos momentos críticos em que é tomada a decisão de efectuar um ataque.
O complexo sistema de descolagem do F-35B tem apresentado problemas, mas aparentemente é na aterragem que se encontra o maior problema. O F-35 é um caça muito mais pesado que o Harrier (peso vazio de 11t contra 6t do Sea Harrier) e por isso o esforço sobre os materiais no trem de aterragem é muito maior. O fabricante já afirmou que encontrou uma solução para o reforço do trem de aterragem e da área onde o trem de aterragem se liga com o resto da estrutura do avião, mas isto tem como consequência o aumento do peso da aeronave e pode prejudicar as prestações.
Para responder às especificações, o F-35B deve manter prestações próximas das restantes variantes, atingindo uma velocidade máxima de 1900km/h e capacidade de «Supercruise» ou seja, voar acima da velocidade do som, sem recorrer à pós combustão, um sistema que aumenta a velocidade das aeronaves, mas aumenta dramaticamente o consumo.
Na verdade, o F-35B nunca foi um caça muito bem visto, especialmente entre os oficiais da marinha norte-americana. Desde há bastante tempo que a marinha tem feito pressões para que os fuzileiros navais esqueçam a exigência de um caça de descolagem vertical, utilizando em vez disso aeronaves navais convencionais utilizando catapultas, como as que serão utilizadas pela marinha norte-americana, na versão F-35C.
Os fuzileiros navais têm insistido e continuam a insistir no caça de descolagem vertical, porque ele dá aos «Marines» a capacidade de operar com apoio aéreo, mesmo que não existam porta-aviões disponíveis.
O corpo de fuzileiros navais utiliza os enormes navios de apoio logístico / LHA como o recente «America» que são configurados para em caso de necessidade servirem como porta-aviões ligeiros, podendo operar de 24 até 36 aeronaves F-35B.
Sem os F-35B os fuzileiros navais serão forçados a utilizar a versão naval F-35C, que não pode descolar verticalmente e pior que isso, ficam completamente dependentes da marinha, pois apenas poderão operar de bases em terra ou então a partir dos super porta-aviões norte-americanos. Presentemente os fuzileiros utilizam um frota relativamente ultrapassada de caças F/A-18C/D e Sea Harrier.
Embora os Sea Harrier possam ser utilizados a partir dos LHA, os F/A-18 utilizam bases em terra ou porta-aviões.
Descolagem vertical: uma ideia do passado
Ao contrário do que muitos podem pensar, os aviões de descolagem vertical não foram desenvolvidos com a marinha em mente.
O conceito era eminentemente defensivo e foi desenvolvido na Europa, como forma de garantir a possibilidade de manter grupos de aeronaves que poderiam responder a um ataque soviético, mesmo que as suas bases fossem destruidas.
O avião de descolagem vertical mais conhecido e de maior sucesso, o Harrier britânico, começou por ser uma aeronave da força aérea destinada a ataque e combate a curta distância.
A versão naval do Harrier foi estudada posteriormente e mostrou as suas qualidades durante a guerra nas Malvinas, contra a Argentina. A partir daí, o Harrier passou a ser muito mais conhecido como um caça de porta-aviões (Sea Harrier)[1].
O fim da guerra fria, tornou o conceito de caça de descolagem vertical pouco útil. O desenvolvimento das redes de estradas e auto-estradas, já tinha demonstrado a viabilidade da utilização de um grande numero de rodovias como pistas de pouco em caso de necessidade. Tanto a Suécia como Taiwan, por exemplo, desenvolveram planos eficazes para utilizar caças convencionais, operando a partir de estradas civis fechadas ao trânsito. A não existência de um inimigo claro na Europa, acabou por tornar o caça inútil.
Problemas para outros países
Mas se este tipo de avião deixou de ter utilidade para a Força Aérea, ele tornou-se essencial para as marinhas dos países que possuem porta-aviões ligeiros, que não podem utilizar outro tipo de avião que não seja de descolagem vertical.
Estão neste caso os projectados porta-aviões britânicos[2], e os navios da Itália, da Espanha, da India e da Tailândia, que não terão um sucessor para o Harrier.
Neste momento, as marinhas destes países estão completamente dependentes da decisão que será tomada dentro dos próximos dois anos.
Todas elas poderiam adquirir versões do F-35B e sem esse caça, os porta-aviões desses países só terão utilidade como porta-helicópteros.
A Itália acabou de lançar um navio porta-aviões, que poderá não ter aviões no futuro. A Espanha possui um porta-aviões, e a não existência de uma aeronave de descolagem vertical para o substituir no futuro condicionará a substituição do Principe de Asturias. O mesmo ocorre com a Tailandia, que possui um derivado do navio espanhol.
Os indianos possuem um porta-aviões britânico que opera caças Harrier e estão à espera de receber um porta-aviões russo reconvertido, que utilizará caças MiG-29 de descolagem convencional. O problema não afectará tanto os indianos, já que os navios que têm em projecto deverão dispor de capacidade para operar caças convencionais ainda que sem catapulta [3].
Ainda que não afectando directamente a India, deixa aquele país sem a opção de armar os seus navios com este tipo de aeronave.
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[1] – Na guerra das Malvinas, foram utilizados os Sea Harrier, desenvolvidos para operar em porta-aviões, mas foram também utilizados aviões da Força Aérea, preparados para operar em pistas curtas, pequenos campos de futebol ou estradas. A flexibilidade do Harrier permitiu a sua utilização em conjunto com o Sea Harrier.
[2] – Os britânicos desistiram de construir porta-aviões destinados a aviões de descolagem vertical, tendo optado por adquirir um porta-aviões com sistema de catapultas, convencional.
[3] - O problema que se coloca aos indianos, é o da menor operacionalidade. Um porta-aviões que não tem aviões de descolagem vertical e não tem catapultas, precisa utilizar grande parte da coberta de voo para a descolagem. Isto reduz dramaticamente a quantidade de aviões que podem descolar nos momentos críticos em que é tomada a decisão de efectuar um ataque.