Denise Chrispim Marin - O Estado de S.Paulo
Os EUA expressaram ontem séria preocupação com o investimento da China na produção do J-20, supercaça invisível aos radares, e de outros equipamentos militares sofisticados. O chefe das Forças Armadas americanas, almirante Mike Mullen, afirmou ter se surpreendido com as imagens do primeiro teste de voo do J-20, na terça-feira, realizado poucas horas antes do encontro entre o secretário de Defesa, Robert Gates, com o presidente da China, Hu Jintao, em Pequim.
"A questão sempre presente é: por quê? Sei que a China tem seus próprios desafios, como um país emergente com influência global, e têm todo o direito de desenvolver sua capacidade de defender seus interesses, assim como os EUA", declarou. "Mas muitas dessas capacidades parecem estar focadas nos EUA", completou Mullen.
O teste do J-20 reduziu as chances de o governo americano extrair de Pequim um compromisso de diálogo na área militar. Esse seria um dos pontos fortes da visita de Hu ao presidente americano, Barack Obama, na semana que vem, em Washington. Mullen ressaltou que esse seria o tema "mais importante" da pauta bilateral, assim como o diálogo na área econômica.
Ao reiterar a posição americana em favor de maior pressão da comunidade internacional sobre a Coreia do Norte, o almirante chamou a atenção para o papel da China na garantia da paz na região.
Pequim é contra a adoção de novas sanções contra Pyongyang e prefere a via diplomática. "As provocações (entre as duas Coreias) podem se tornar catastróficas e a China tem grande responsabilidade nisso", afirmou Mullen.
O cronograma do J-20 prevê que os primeiros aviões serão entregues em maio de 2017. A aeronave atinge cerca de 2.200 quilômetros por hora e tem capacidade de manter-se em velocidade supersônica por um longo período.