Futuro ASTROS-2020 em causa
Área Militar
A razão para os despedimentos estará relacionada com a não confirmação de acordos entre a AVIBRAS e o governo brasileiro, para permitir o desenvolvimento do sistema ASTROS2020, que poderá ser o substituto do ASTROS-2, que teve bastante sucesso comercial nos anos 80 e 90, tendo sido adquirido pelo exército brasileiro e por várias forças armadas no exterior.
Não foram até esse momento apontadas razões oficiais para concluir porque razão não há acordo e porque os pagamentos inicialmente previstos não foram feitos, mas aparentemente existem dúvidas sobre as características e viabilidade técnica do principal componente do sistema ASTROS 2020, o míssil de cruzeiro conhecido como AV-MT.
O projecto do AV-MT é já relativamente antigo . Ele seria um míssil de cruzeiro com alcance equivalente ao míssil de cruzeiro europeu SCALP/Stormshadow, com um alcance na casa dos 300km e capacidade para ser guiado por GPS.
As características, prestações e dados mais concretos sobre este projecto da AVIBRAS nunca foram minimamente reveladas e sua exequibilidade pode estar em causa.
Inicialmente, quando o AV-MT começou sendo cogitado pela AVIBRAS, suas prestações eram impressionantes, mas à medida que o tempo foi passando, um míssil de cruzeiro com um alcance de 300km deixou de ser um equipamento revolucionário.
O AV-MT seria lançado a partir de veículos terrestres, quando os mísseis com o mesmo alcance são normalmente lançados a partir de aeronaves. Os mísseis de cruzeiro norte-americanos, são lançados a partir de navios contra alvos em terra, mas têm alcances na casa dos milhares de quilômetros.
A AVIBRAS afirmou que estudou a possibilidade de desenvolver uma versão lançada de aeronaves e outra adequada para operações costeiras, mas aparentemente isso implica investimentos adicionais para lá do 1,3 bilhões de reais que a AVIBRAS quer para iniciar o desenvolvimento do projeto.
A utilidade do sistema, também se tornou duvidosa.
O articulista R.Godoy da Folha de São Paulo referiu numa entrevista televisionada, que a AVIBRAS está desenvolvendo o sistema para utilização contra alvos navais.
Mas a possibilidade de utilização de um míssil de cruzeiro naval, ao mesmo tempo de um míssil para atacar alvos em terra, implica investimentos que facilmente ultrapassarão o bilhão não de reais mas de dólares americanos. Não há no mundo nenhum míssil de cruzeiro com uma versão para ataque naval, e o conceito é algo estranho.
Além disto, estão se tornando cada vez mais comuns os kits de bombas inteligentes, que conseguem atingir alvos a muitos quilômetros de distância, com um custo mínimo quando comparado com o custo previsível de um míssil de cruzeiro.
Nos Estados Unidos, por exemplo, estão sendo incorporadas bombas planadoras inteligentes JSOW, muito mais baratas que mísseis de cruzeiro, que têm um alcance de 540km.
A principal arma do ASTROS-2020 poderá por isso estar obsoleta antes de ser construida. O reduzido numero de unidades a comprar pelo exército e a crise internacional que está reduzindo os orçamentos militares em todo o mundo, também fazem com que as previsões de vendas da AVIBRAS acabem sendo pouco realistas.
A AVIBRAS é também vista como uma das empresas brasileiras em melhores condições para aproveitar a transferência de algumas tecnologias de defesa que ficarão disponíveis com os acordos e negociações que estão sendo feitos para a aquisição de aeronaves e navios de guerra.
Os defensores do programa ASTROS-2020 afirmam que mesmo que relativamente obsoleto, seus sistemas de comando e controle serão uma revolução para o exército, que dará um salto tecnológico grande. A compra será fundamental para o desenvolvimento da industria militar brasileira.
Os sindicatos, e a empresa disseram que o dinheiro para o desenvolvimento do ASTROS 2020 e do AV-MT, é essencial para manter os postos de trabalho.