Negócio para patrulha oceânica estimado em R$ 10 bilhões será revisto pela presidente por conta de aperto fiscal Programa da Marinha tem como principal foco a proteção das áreas do pré-sal; não há prazo para decisão do governo
VALDO CRUZ - IGOR GIELOW - FOLHA DE SP
Depois da compra de caças da FAB, agora é a vez de um grande programa da Marinha entrar em reavaliação pelo governo Dilma Rousseff por conta da situação fiscal do país. Trata-se da aquisição de 11 navios para patrulha oceânica, um negócio estimado em R$ 10 bilhões.
Dilma pediu para reavaliar o programa, que vinha sendo tocado pelos almirantes desde o meio do ano passado.
São cinco navios-patrulha oceânica de 1.800 toneladas, mais cinco fragatas de escolta e um navio de apoio logístico. No foco, a proteção das áreas do pré-sal.
Conforme a Folha adiantou na semana passada, Dilma pediu para deixar gastos com a compra de pelo menos R$ 10 bilhões em caças pela Aeronáutica para 2012.
Ela está preocupada com a sinalização de mais gastos em momento de contenção de despesas, e na questão de imagem - tal anúncio logo após a mortandade no Rio poderia soar mal.
Assim, Nelson Jobim passa pelo segundo revés seguido após ficar na Defesa.
Parte de seu sucesso como ministro, efetivamente o primeiro a ter poder político sobre as Forças em 11 anos de pasta, passa pela "entrega" das promessas aos militares.
As duas decisões, segundo assessores de Dilma, não significam perda de prestígio de Jobim no Planalto.
A presidente avalia como fundamental o trabalho do ministro, mas acredita que, neste momento, é preciso reavaliar todo tipo de gasto.
Não há dúvidas, por exemplo, sobre a necessidade dos navios no futuro próximo. Mas havia dúvidas sobre a rapidez do processo, que já estava em fase de avaliação final pela Marinha.
Nos bastidores, franceses reclamaram que o processo favorecia os italianos porque, além dos navios de patrulha, foram incluídos no pacote barcos auxiliares que eles não previam construir.
Inicialmente, a empresa francesa DCNS só oferecia fragatas, na esperança de fazer parte do maior do acordo militar Brasil-França de 2009, que comprou mais de R$ 20 bilhões em submarinos e helicópteros.
O problema é que com a questão do terrorista Cesare Battisti, que Lula recomendou ficar no Brasil no último dia de seu governo, o Parlamento italiano retaliou negando-se a ratificar um acordo militar que permitiria a transferência tecnológica desejada para os navios, essencial para o negócio.
O acordo deve acabar saindo, mas por ora os italianos estão desabilitados.
Ainda assim, na Marinha há resistência à entrada dos franceses, que já têm suculentos pedaços do mercado militar naval brasileiro.
No acordo Brasília-Paris, toda a frota submarina futura do Brasil será de origem da mesma DCNS, um acerto de cerca de R$ 20 bilhões.
Aumentam as chances de britânicos, com um produto consagrado, e alemães, com a experiência de intercâmbio tecnológico com a Marinha.
Italianos e britânicos seguem fortes. Correm por fora os sul-coreanos, que têm uma oferta atrativa, mas cuja distância dos estaleiros implica custos na entrega dos primeiros navios.
A Marinha espera colocar no acordo que parte da construção das fragatas será no país, mas sabe que as primeiras unidades virão de fora obrigatoriamente.
Dilma pediu para reavaliar o programa, que vinha sendo tocado pelos almirantes desde o meio do ano passado.
São cinco navios-patrulha oceânica de 1.800 toneladas, mais cinco fragatas de escolta e um navio de apoio logístico. No foco, a proteção das áreas do pré-sal.
Conforme a Folha adiantou na semana passada, Dilma pediu para deixar gastos com a compra de pelo menos R$ 10 bilhões em caças pela Aeronáutica para 2012.
Ela está preocupada com a sinalização de mais gastos em momento de contenção de despesas, e na questão de imagem - tal anúncio logo após a mortandade no Rio poderia soar mal.
Assim, Nelson Jobim passa pelo segundo revés seguido após ficar na Defesa.
Parte de seu sucesso como ministro, efetivamente o primeiro a ter poder político sobre as Forças em 11 anos de pasta, passa pela "entrega" das promessas aos militares.
As duas decisões, segundo assessores de Dilma, não significam perda de prestígio de Jobim no Planalto.
A presidente avalia como fundamental o trabalho do ministro, mas acredita que, neste momento, é preciso reavaliar todo tipo de gasto.
Não há dúvidas, por exemplo, sobre a necessidade dos navios no futuro próximo. Mas havia dúvidas sobre a rapidez do processo, que já estava em fase de avaliação final pela Marinha.
Nos bastidores, franceses reclamaram que o processo favorecia os italianos porque, além dos navios de patrulha, foram incluídos no pacote barcos auxiliares que eles não previam construir.
Inicialmente, a empresa francesa DCNS só oferecia fragatas, na esperança de fazer parte do maior do acordo militar Brasil-França de 2009, que comprou mais de R$ 20 bilhões em submarinos e helicópteros.
O problema é que com a questão do terrorista Cesare Battisti, que Lula recomendou ficar no Brasil no último dia de seu governo, o Parlamento italiano retaliou negando-se a ratificar um acordo militar que permitiria a transferência tecnológica desejada para os navios, essencial para o negócio.
O acordo deve acabar saindo, mas por ora os italianos estão desabilitados.
Ainda assim, na Marinha há resistência à entrada dos franceses, que já têm suculentos pedaços do mercado militar naval brasileiro.
No acordo Brasília-Paris, toda a frota submarina futura do Brasil será de origem da mesma DCNS, um acerto de cerca de R$ 20 bilhões.
Aumentam as chances de britânicos, com um produto consagrado, e alemães, com a experiência de intercâmbio tecnológico com a Marinha.
Italianos e britânicos seguem fortes. Correm por fora os sul-coreanos, que têm uma oferta atrativa, mas cuja distância dos estaleiros implica custos na entrega dos primeiros navios.
A Marinha espera colocar no acordo que parte da construção das fragatas será no país, mas sabe que as primeiras unidades virão de fora obrigatoriamente.