O Dia - EFE
Nova York (EUA) - Um telegrama que a ex-secretária de Estado americana Condoleezza Rice enviou a seus embaixadores no mundo em maio de 2008 confirma pela primeira vez, de forma oficial, que Washington estava a par do bombardeio israelense contra um suposto reator nuclear na Síria meses antes.
"Em 6 de setembro de 2007, Israel destruiu o reator nuclear que a Síria construía em Al-Kibar, aparentemente com ajuda da Coreia do Norte", diz o telegrama secreto da secretária de Estado, vazado pelo site WikiLeaks e divulgado nesta sexta-feira pelo diário israelense "Yedioth Ahronoth".
Condoleezza Rice acrescenta na nota que, até o momento do envio do telegrama, os EUA haviam preferido não compartilhar a informação com os embaixadores americanos para "tentar evitar um conflito".
É a primeira vez que um documento oficial constata que os Estados Unidos tinham conhecimento dos fatos sobre o bombardeio aéreo israelense, que destruiu "totalmente" a instalação síria, segundo o documento.
Israel nunca confirmou o ataque, mas, meses depois, o então chefe da oposição e atual primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, deixou claro, em declarações, o envolvimento de seu país no incidente.
No mês passado, em suas memórias, o ex-presidente americano George Bush também constatava que Israel tinha lhe pedido para atacar o reator sírio, mas que "atuou segundo achou conveniente" para os interesses dos EUA.
O vazamento WikiLeaks
No dia 28 de novembro, a organização WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos - o que provocou a reação de diversos países e causou constrangimento ao governo dos Estados Unidos. Alguns documentos externam a posição dos EUA sobre líderes mundiais.
Em outros relatórios, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que os representantes atuem como espiões. Durante o ano, o WikiLeaks já havia divulgado outros documentos polêmicos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, mas os dados sobre a diplomacia americana provocaram um escândalo maior. O fundador da organização, o australiano Julian Assange, foi preso no dia 7 de dezembro, em Londres, sob acusação emitida pela Suécia de crimes sexuais.