DE SÃO PAULO
O juiz espanhol Santiago Pedraz ordenou a busca e captura dos três militares americanos suspeitos de envolvimento na morte de José Couso, repórter cinematográfico da rede de televisão Telecinco. Couso foi morto em 8 de abril de 2003, em um polêmico e notório ataque do Exército americano ao Hotel Palestina, lotado de jornalistas estrangeiros, em Bagdá, no Iraque.
Pedraz pediu ainda autorização ao Conselho Geral do Poder Judiciário para viajar ao Iraque entre outubro e novembro deste ano para a inspeção do local onde ocorreram os fatos, informaram fontes judiciárias.
Na época, o Pentágono alegou que as tropas viram foguetes sendo lançados da sacada do hotel, e por isso decidiram abrir fogo contra o prédio, que abrigava repórteres de vários países trabalhando para os principais meios de comunicação internacionais. As justificativas foram rechaçadas pelos jornalistas.
A ação das tropas americanas matou também o repórter Taras Protsyuk, da agência de notícias Reuters.
Três militares -- o sargento Shawn Gibson, o capitão Philip Wolford e o tenente-coronel Philip DeCamp -- foram os responsáveis pelo ataque, lançado de um tanque de guerra posicionado próximo ao hotel.
Investigações dos EUA na época apontaram que os soldados agiram corretamente e o então secretário de Estado Colin Powell reafirmou que a ação era justificada, encerrando qualquer possibilidade de inquérito ou compensação às famílias das vítimas.
No início deste mês, contudo, a Corte Suprema espanhola ordenou à Audiência Nacional que reabrisse a investigação sobre a morte do repórter, ao considerar que os responsáveis pela estratégia bélica, de bombardeio sobre pessoas e bens protegidos em conflito armado, devem ser responsabilizados criminalmente.