Vírus de computador visava boicotar programa nuclear iraniano
0
RTP
Os peritos que analisaram o vírus de computador Stuxnet, recentemente detectado em vários países do mundo, concluíram que o seu objectivo era descontrolar as centrifugadoras nucleares do Irão, essenciais para a produção de urânio enriquecido, noticia a edição de hoje do jornal "The New York Times".
Segundo os peritos entrevistados pelo jornal, o Stuxnet provocaria acelerações e desacelerações nas centrifugadoras iranianas. Essas súbitas mudanças de velocidade "prejudicam o funcionamento normal do processo de controlo industrial", escreveu Eric Chien, um perito em segurança informática da Symantec, num post do seu blogue.
A alteração da velocidade das centrifugadores utilizadas para enriquecer o urânio necessário à construção de bombas nucleares pode causar a sua destruição. Diversos relatórios de inspectores internacionais têm tornado públicas as dificuldades do Irão em manter as suas centrifugadoras a funcionar correctamente. Muitas destas centrifugadoras têm sido retiradas de serviço desde 2009.
Não é ainda conhecida a origem do vírus mas, segundo o NYT, vários responsáveis israelitas tem respondido com sorrisos abertos cada vez que lhes é perguntado se o seu país estará por trás da criação do Stuxnet. Responsáveis americanos dizem que o vírus teve origem no estrangeiro e outros peritos falam de um ataque apoiado por um estado.
"Não temos uma confirmação directa" de que o ataque tivesse como objectivo atrasar o processo nuclear iraniano, disse ao NYT David Albright, presidente do Institute for Science and International Security, uma associação privada que controla a proliferção nuclear. "Mas essa é certamente uma interpretação plausível para os factos".
Até à semana passada, os peritos informáticos apenas diziam que o Stuxnet tinha sido preparado para infectar diversos equipamentos industriais da Siemens em todo o mundo, mas o estudo hoje ttornado público pela Symantec conclui que o verdadeiro objectivo do vírus era tomar conta dos conversores de frequência, um tipo de alimentadores que controla a velocidade dos motores.
Segundo a BCC, o Stuxnet foi detectado pela primeira vez em Junho por uma empresa de segurança da Bielorússia, mas pode ter começado a circular em 2009. O vírus foi construído para atacar equipamentos que normalmente não estão ligados à Internet por razões de segurança e infecta esses equipamentos através das pen USB, usadas para transportar ficheiros de um lado para o outro.