O Estado de SP
Ação faz parte dos exercícios navais conjuntos, entre americanos e as forças de Seul planejados antes do bombardeio de Pyongyang que matou quatro sul-coreanos, incluindo dois civis; manobras militares começam no domingo e continuam até quarta-feira.
Um dia depois de a Coreia do Norte atacar a ilha sul-coreana de Yeonpyeong, o porta-aviões americano USS George Washington partiu em direção à região. De domingo a quarta-feira, EUA e Coreia do Sul planejam realizar manobras militares conjuntas. Segundo o Pentágono, a ação havia sido programada antes do bombardeio de terça-feira.
"É um exercício de natureza defensiva", disse, em comunicado, o comando das forças dos EUA na Coreia do Sul. "Embora já tivesse sido planejado antes dos ataques, demonstra a força da aliança dos EUA com a Coreia do Sul e o nosso compromisso com a estabilidade regional por meio da dissuasão."
A Coreia do Norte acusou ontem o país vizinho de conduzir a região para "uma guerra" com "inconsequentes provocações militares". Pyongyang também criticou Seul por adiar o envio de ajuda humanitária aos norte-coreanos. O comunicado norte-coreano, porém, não fez referência às manobras militares.
Ontem, o governo sul-coreano informou que foram encontrados em Yeonpyeong os corpos de dois civis que teriam morrido em razão dos ataques. Com isso, sobe para quatro o número de sulcoreanos mortos. A morte dos civis aumentou ainda mais o ressentimento dos sul-coreanos contra o país vizinho.
Internamente, o governo da Coreia do Sul tem sido duramente criticado pela lenta resposta ao ataque. As queixas são parecidas com as que foram feitas após o Norte ter afundado a corveta sulcoreana Cheonan, em março, matando 46 marinheiros.
Pressão. O ministro sul-coreano da Defesa, Kim Tae-young, está sob pressão. Parlamentares acusam o governo de não ter adotado medidas retaliatórias mais rápidas e fortes contra a provocação do Norte.
O bombardeio de terça-feira foi o maior na região desde o fim da Guerra da Coreia. O ataque também foi o primeiro a causar mortes de civis desde um atentado contra um avião sul-coreano, em 1987.
Ontem, o chefe do Estado-Maior Conjunto americano, o almirante Michael Mullen, afirmou que a ação militar da Coreia do Norte está ligada à sucessão do presidente norte-coreano Kim Jong-il.
"Acreditamos que o bombardeio esteja vinculado à sucessão em favor desse jovem", disse Mullen, referindo-se a Kim Jong-un, o filho do líder supremo da Coreia do Norte.
O Departamento de Estado dos EUA também descartou a hipótese de Pyongyang estar interessada em uma guerra aberta. "Foi um ato único e premeditado", afirmou Philip Crowley, porta-voz da chancelaria americana. "Não acreditamos, contudo, que o regime da Coreia do Norte esteja se preparando para um confronto mais amplo."
REUTERS, AP E NYT