Ameaça de mísseis "é mais Hollywood do que realidade"
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RTP
Bruxelas, 17 nov (Lusa) -- O embaixador russo junto da NATO, relativiza o projecto de defesa antimíssil, que a Aliança quer discutir em Lisboa, defendendo que deve ser dada prioridade a "problemas reais", em detrimento de ameaças que "têm mais de Hollywood do que realidade".
Em entrevista à Agência Lusa em Bruxelas, Dmitri Rogozin sustentou que "os governos devem investir recursos para resolver os verdadeiros problemas que realmente existem", apontando que a ameaça de ataques de mísseis não se encontra no topo das preocupações de Moscovo.
"Para a Rússia, esses problemas incluem a heroína que vem em toneladas desde o Afeganistão, apesar da presença da ISAF no terreno neste país, o terrorismo, que está muito espalhado, especialmente no Cáucaso, mas não só, a ambição nuclear de certos Estados, que procuram desenvolver tecnologia nuclear, e a proliferação de armas de destruição maciça", disse.
Já quanto a mísseis, e questionado sobre as diferenças entre a Aliança Atlântica e a Rússia sobre o projecto de defesa europeu antimíssil acerca do qual a NATO pretende tomar uma decisão na cimeira de sexta-feira e sábado em Lisboa, considerou improvável.
"Alguma vez se viu mísseis sobre Lisboa ou sobre Moscovo? Nunca. E esperamos nunca ver. Precisamos de defender as nossas populações contra as ameaças que realmente existem. E, quanto à ameaça de mísseis, eu penso que há mais de Hollywood do que de terrorismo", afirmou.
Rogozin disse no entanto esperar que NATO e Rússia se entendam sobre várias matérias de segurança no encontro de Lisboa, pois Moscovo entende que "a NATO é a maior aliança política e militar" do Mundo, com a qual necessita de estabelecer acordos, de forma a "ter menos problemas" com a sua segurança.
No entanto, disse, "neste diálogo com a NATO, a Rússia preserva a sua soberania e independência", e explicou a abordagem cautelosa de Moscovo nas relações com a Aliança: "A NATO, enquanto um grande elefante, pode pisar os nossos pés. Acidentalmente".
A Federação Russa tem manifestado oposição ao desenvolvimento de sistemas antimísseis nas proximidades das suas fronteiras, argumentando que podem constituir uma ameaça à segurança, embora a NATO e os Estados Unidos garantam que os sistemas se destinam a defender os territórios dos Aliados de ataques oriundos da Coreia do Norte ou do Irão, e não são dirigidos contra a Federação Russa.