Pioneiros da implantação de destacamento da AFA celebram 50 anos da jornada

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CECOMSAER

A marcha e as palavras ecoadas dos cadetes encontram-se com os olhos antigos, que insistem em ficar molhados. A vista assiste a duas histórias, como se fossem “filmes”. Uma, presente, de cenário transformado. Outra, memória, do ano de 1960, de terra, grama, tratores, construções. Os “filmes” que passam pela cabeça e pelo coração desses homens contam a mesma história. Cinquenta anos depois, pioneiros da implementação do destacamento em Pirassununga (SP), do que viria a se tornar a Academia da Força Aérea (AFA), voltaram ao lugar que ajudaram a erguer e se emocionaram com homenagens que receberam. Era unânime entre eles que tudo estava diferente, mas que, também, em cada pedaço daquele chão, parecia que o tempo não havia passado.

“Voltar aqui é muito emocionante para todos nós. O que nós fizemos foi um trabalho de desbravadores. Foi tudo muito difícil e especialmente gratificante”, disse o Tenente-Brigadeiro João Felippe Sampaio de Lacerda Júnior, hoje na reserva, e um dos pioneiros da construção da nova escola de aviação da Aeronáutica. Em Pirassununga, só havia dois hangares e salas vazias. Antes, os aviadores eram formados no lendário Campo dos Afonsos (RJ) e que, com o aumento do tráfego aéreo na capital fluminense, a escola teve que ser transferida para um lugar de menor volume de aviões.

Um dos comandantes do destacamento foi o então Capitão Rivaldo Gusmão de Oliveira Lima. “Passei oito anos aqui. Antes, participei dos trabalhos do destacamento de Brasília. Foi parecido. O espaço era cercado de plantações. Havia apenas a vontade e a convicção dos militares e civis que atuaram nesse lugar”, disse o coronel aposentado.
 
Trabalhava com o Capitão, o Cabo José de Vargas Soares. Ele lembra que, além de dois hangares, havia apenas estradas de terra e mato. Ele era mecânico. “´E muito importante imaginar que participamos disso tudo aqui”, comentou. Ele lembra ainda do cheiro de querosene na pista das aeronaves que chegavam com materiais para construção da nova escola.

Saudade – O Brigadeiro Roberto de Carvalho Rangel lembra que, durante a construção, os militares trocavam algumas vezes a farda durante o dia tamanho era o volume de poeira. “É muito gostoso ver tudo pronto. Fui muito feliz aqui e fiquei muito sensibilizado ao assistir ao desfile. Não pude conter as lágrimas”, disse.

O hoje Coronel Neri do Nascimento também ficou sensibilizado em voltar à Academia. “Acho que surgiu uma escola muito maior e melhor do que imaginávamos. Claro que bate uma saudade muito grande de tudo aqui. Quem veio depois fez obras maravilhosas”. Ele serviu na época da construção e depois durante a década de 70 como instrutor e no setor de apoio. “Se pudesse voltar, faria tudo de novo. Com a idade que eu tenho ou com a idade que eu tinha”.

Um dos pioneiros e também ex-comandante da AFA, o Major-Brigadeiro Lauro Ney Menezes agradeceu a oportunidade e as homenagens que a escola fazia. “Gostaria de lhes confessar a emoção que toma conta do peito do velho aviador”. Esse momento traz de volta esses homens que foram destacados para o campo de Pirassununga.

O atual Comandante da Academia da Força Aérea, Brigadeiro-do-Ar Roberto Carvalho, disse que foi uma honra receber os pioneiros do destacamento precursor da Academia da Força Aérea. “Nada que existe hoje aconteceria sem que esses homens tivessem trabalhado há 50 anos”.

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