EFE
A Guerra do Afeganistão completa hoje seu nono aniversário e, sem perspectivas de que o conflito possa terminar em breve, os Estados Unidos debatem o funcionamento de sua estratégia.
O presidente dos EUA, Barack Obama, reiterou ao Congresso nesta semana que não mudará, por enquanto, a estratégia que anunciou há 11 meses e que prevê, além do envio de mais 30 mil soldados adicionais, o começo da retirada em julho de 2011.
Em uma videoconferência na segunda-feira com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, Obama expressou seu apoio à ideia apresentada pelo líder afegão de manter as tropas dos EUA à frente das operações no país até 2014.
A próxima revisão da estratégia está prevista para dezembro, depois da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que será realizada em Lisboa nos dias 19 e 20 de novembro.
Em busca de soluções
Com o número de militares americanos mortos no Afeganistão atingindo um nível recorde - já são cerca de 370 apenas em 2010, de um total de aproximadamente 1.300 em nove anos - e poucos avanços no território, não é fácil encontrar em Washington quem ache que a estratégia deva permanecer imutável.
Um conjunto de especialistas, autodenominado "Grupo de Estudo do Afeganistão", apresentou recentemente um relatório no qual assegura que "os interesses dos EUA que estão em jogo não merecem o atual nível de sacrifício".
O grupo defende a promoção de uma reconciliação entre o Governo afegão e os grupos talibãs e a redução drástica da presença militar dos EUA no país asiático, que acarreta "radicalização de pashtuns (o principal grupo étnico no Afeganistão)" e é "uma importante ferramenta para o recrutamento talibã".
O próprio presidente Obama, ao mesmo tempo em que defende uma estratégia que demorou quatro meses para ser aprovada, afirma que introduzirá mudanças caso necessário.
Em entrevista à revista Rolling Stone de 15 de outubro, Obama assinala que "há elementos que estão funcionando, e elementos que não funcionaram". "Vamos seguir reexaminando a estratégia até que tenhamos certeza de que contamos com uma que funciona", acrescentou.
Segundo Obama, a guerra no Afeganistão "é mais dura do que a do Iraque" e alguns elementos-chave da estratégia - como a formação das forças afegãs para que possam assumir a segurança do país - demorarão a poder entrar em funcionamento.
Retirada em questão
Mas tanto a Casa Branca quanto a maioria democrata no Congresso deixaram claro que a data para começar o processo de retirada, julho de 2011, será mantida, aconteça o que acontecer.
O jornalista Bob Woodward revela em seu livro Obama's Wars (As Guerras de Obama, em tradução livre), publicado na semana passada, que o presidente acredita que continuar a guerra durante anos equivaleria a perder o apoio de suas bases democratas e seria, em parte, um erro no cálculo militar.
No mês passado, o comandante das tropas no Afeganistão, general David Petraeus considerou, em declarações que divulgadas pelo jornal The New York Times, a possibilidade de recomendar que os soldados não sejam retirados quando julho chegar.
O problema para Obama é que, uma vez fixado esse prazo para começar a transição, uma retratação pode se tornar extremamente complicada. Tanto para os aliados da Otan quanto para os Governos da região, um recuo criaria a imagem de um país que muda constantemente de opinião em assuntos militares.
Além disso, uma atitude como essa poderia deixar os democratas em maus lençóis diante de seu próprio eleitorado e grandes derrotas já são esperadas para as eleições legislativas de 2 de novembro.