Multinacionais da área de defesa correm para garantir contratos no País, que vai reaparelhar as Forças Armadas
O Estado de SP
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As maiores indústrias militares do mundo se lançam em uma corrida para garantir contratos milionários no Brasil. Com um orçamento para Defesa com valores substanciais, o Brasil se tornou “prioritário” nas estratégias de gigantes como a Airbus, EADS, Rolls Royce ou a Finmeccanica.
Para a Associação Brasileira da Indústria de Defesa (Abimde), os programas de reaparelhamento das Forças Armadas poderiam envolver contratos entre US$ 50 bilhões e US$ 100 bilhões nas próximas décadas.
“O mercado brasileiro é estratégico para nós”, afirmou ao Estado o CEO do segmento militar da Airbus e presidente da Associação Europeia da Indústria Aeroespacial, Domingo Ureña Raso. Um dos setores que a empresa está de olho é na modernização dos tanques do Exército brasileiro. “Estamos esperando a abertura de licitações para apresentar nossas propostas”, afirmou. “Não há como ficar fora do mercado brasileiro”, disse o executivo, que ontem organizou na cidade de Montreux o encontro com a cúpula do setor militar no mundo.
A realidade é que, enquanto Europa e Estados Unidos anunciam que estão congelando gastos militares diante do déficit público em suas contas, o Brasil se lança em uma modernização de todo seu setor militar. “Esperamos equilibrar nossas contas com exportações”, disse Raso.
Por enquanto, o Brasil gasta apenas uma fração dos orçamentos dos países ricos para o setor militar. Mas os volumes estão aumentando. Segundo o último levantamento do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo (Sipri), o Brasil foi o 30.º maior comprador de armas do planeta entre 2005 e 2009.
Futuro. A perspectiva das empresas é de que as compras continuarão. “O Brasil precisará de equipamentos, seja para defender sua franja costeira, fontes de energia offshore, como também a Amazônia. As necessidades são enormes”, afirmou Jaime Perez-Guerra, vice-presidente para Comunicação da Airbus Militar.
Outra empresa que colocou o Brasil como prioridade é a Rolls Royce. A companhia já produz motores para a Embraer, mas quer ampliar sua presença no País. “Em breve vamos anunciar importantes investimentos no Brasil”, informou o CEO da Rolls Royce para o setor aéreo, Mark King. “Temos interesse em fornecer equipamentos para o setor de energia, para a exploração de petróleo em alto mar e para cargueiros.”
A EADS (European Aeronautic Defence and Space Company) também revela que está em negociações com o Brasil para o setor de satélites. Não há ainda um acordo, mas a empresa estima que o setor de observação terrestre será uma das prioridades do governo brasileiro nos próximos anos.
A Odebrecht e a EADS anunciaram recentemente a criação de uma joint venture com sede em São Paulo. A EADS está ainda envolvida na produção de helicópteros no Brasil, tanto para o uso civil quanto militar.
“Com uma economia que cresce a taxas elevadas como a do Brasil, não há como não considerar o País prioritário”, disse o CEO da EADS, Louis Gallois. “Os emergentes estão sendo fundamentais para nós nessa crise.”
A sexta maior empresa do setor de defesa no mundo, a Finmeccanica, também aposta no Brasil. “Há um interesse redobrado no Brasil, com a venda de submarinos, fragatas”, disse Pier Francesco Guarguaglini, presidente da Finmeccanica. Com mais de 77 mil funcionários, a empresa italiana registrou um faturamento de US$ 25 bilhões em 2009 no mundo.
Mas a empresa ainda quer atuar no setor civil e promete apresentar uma proposta até novembro para concorrer na licitação do trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro. “Temos muito interesse nisso”", disse. Para ele, eventos como a Copa do Mundo e a Olimpíada também deve atrair investimentos na área de defesa.