BBC Brasil
A suposta ameaça de atentados múltiplos na Europa está motivando os cada vez mais frequentes disparos de mísseis não-tripulados nas áreas tribais do Paquistão, informaram autoridades.
Na última segunda-feira, um míssil não-tripulado atribuído ao Exército americano matou oito pessoas no Waziristão do Norte, região tribal do Paquistão na fronteira com o Afeganistão onde acredita-se que haja forte presença de militantes extremistas islâmicos.
Os mísseis teriam como alvo militantes da Al-Qaeda que estariam por trás de planos de atentados em solo europeu.
No último domingo, diversos governos, entre eles os de EUA e Grã-Bretanha, haviam emitido alerta para seus cidadãos de que atentados poderiam acontecer na Europa, “de forma indiscriminada, inclusive em lugares frequentados por residentes no exterior e viajantes estrangeiros”.
O embaixador do Paquistão nos EUA, Hussein Haqqani, confirmou em entrevista à BBC que os ataques com mísseis em aviões não-tripulados estão conectados a essas ameaças. “A atividade que estamos vendo no Waziristão do Norte, de ofensivas contra a Al-Qaeda e grupos associados, está ligada aos alertas de terrorismo.”
Inteligência
A partir de inteligência coletada por agentes ocidentais ou paquistaneses, disse ele, os EUA teriam identificado a localização de extremistas nas áreas tribais do Paquistão.
O Departamento de Estado dos EUA também confirmou à BBC que as ações no Waziristão do Norte são decorrência dessas supostas ameaças de atentados em alvos ocidentais.
Uma fonte disse que um cidadão alemão detido no Afeganistão havia dado aos EUA informações a respeito de uma célula militante formada por outros alemães, que planejavam ataques na Grã-Bretanha, na França e na Alemanha.
Os EUA fizeram no último mês 26 ações com aviões não-tripulados no Paquistão – a maior média mensal de ofensivas do tipo nos últimos seis anos.
A ofensiva de segunda-feira destruiu a casa de um líder tribal com supostos elos com um comandante do Talebã no Waziristão do Norte.
Europeus
É crescente a preocupação com a presença de alemães nas áreas tribais paquistanesas. Segundo a mídia alemã, diversos militantes islâmicos desapareceram de suas casas em Hamburgo em 2009 e foram para o Waziristão do Norte.
Na segunda-feira, o Ministério do Interior em Berlim disse que 70 cidadãos alemães haviam recebido treinamento paramilitar no Afeganistão e no Paquistão e que um terço deles havia voltado para casa.
Em setembro, um cidadão britânico foi morto por um míssil não-tripulado na zona tribal. Acredita-se que ele também estava sendo treinado para liderar um ataque da Al-Qaeda na Grã-Bretanha.
E, nesta terça-feira, a polícia da França prendeu 12 pessoas no sul e sudoeste do país sob suspeita de ligação com extremistas islâmicos.