Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa
O ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, demonstrou preocupação com o risco de a Organização do Atlântico Norte – OTAN, fortemente liderada pelos Estados Unidos, vir no futuro a realizar ações no Atlântico Sul, área de interesse estratégico brasileiro. O temor foi manifestado por Jobim em palestra no Encerramento da Conferência Internacional - “O Futuro da Comunidade Transatlântica”, ocorrido em Lisboa, no Instituto de Defesa Nacional, em 10 de setembro.
Deixando claro que estava a expressar opiniões pessoais, e não do Governo Brasileiro, Jobim comentou que essa possibilidade de ações da OTAN fora de sua região surgiu a partir de 1999, quando publicou-se o Novo Conceito Estratégico da Aliança Atlântica. “Uma interpretação literal desse conceito nos leva a afirmar que a OTAN passaria a poder intervir em qualquer parte do mundo. Os pretextos para operações poderiam ser vários: anti-terrorismo; ações humanitárias; tráfico de drogas; agressões ao meio ambiente; ameaças à democracia, entre outras”, afirmou Jobim em sua palestra. Riscos energéticas, também estariam entre os pretextos.
Segundo Jobim, muitos analistas, inclusive no Brasil, acreditam que essa norma “poderia fornecer verniz de legitimidade às ações militares que os decisores estadunidenses não queiram abraçar de maneira unilateral ou não possam ver aprovados no Conselho de Segurança das Nações Unidas”.
Ele reafirmou que o Brasil rejeita esse tipo de ação, pois considera o Conselho de Segurança da ONU, “ainda, a única instância internacional capaz de legitimar o uso da força”. O ministro alertou para a necessidade de se dissociar as questões do Atlânticos Norte das do Sul, e até mesmo do hipotético Atlântico Central. E defendeu que as questões locais sejam tratadas preferencialmente pelos países da região: “Tais questões devem merecer respostas diferenciadas – tão mais eficientes e legítimas quanto menos envolverem organizações ou Estados estranhos à região”.
Jobim manifesta à Europa preocupação com possíveis ações da OTAN no Atlântico Sul
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