AFP
Em Washington
O secretário americano de Defesa, o republicano Robert Gates, um dos pilares do governo Obama, confirmou nesta segunda-feira que deixará seu cargo no próximo ano, em pleno período de mais dificuldade para Washington no calendário de retirada das tropas do Afeganistão.
"Acho que durante o ano que vem, estarei em posição (...) de saber se nossa estratégia funciona no Afeganistão", declarou o ministro em uma entrevista concedida à revista americana Foreign Policy. "A estratégia de envio de reforços estará concluída. Faremos uma avaliação em dezembro (2010). E me parece que durante o ano de 2011 chegará logicamente um momento de passar o bastão", acrescentou.
Gates, de 66 anos, foi nomeado para o posto em 2006 pelo ex-presidente George W. Bush, no lugar do polêmico Donald Rumsfeld, e mantido em suas funções por Barack Obama, dando um toque republicano em sua estratégia de combate no Afeganistão.
"O presidente é grato (a Gates) por ter servido" em seu posto, reagiu um porta-voz da Casa Branca, Bill Burton, lembrando que o secretário já tinha manifestado a sua intenção. "Não é uma surpresa vê-lo discutir seu projeto de passar para outra coisa", acrescentou Burton.
Gates conduziu bem a estratégia de envio de reforços ao Iraque em 2007. Ele anunciou na semana passada uma política de cortes de gastos no Pentágono, cujo enorme orçamento duplicou desde 2001.
As declarações de Gates foram feitas no momento em que uma contradição surgiu entre ele e o comandante das forças americanas e internacionais no Afeganistão, David Petraeus. Em uma entrevista concedida ao jornal Los Angeles Times, o secretário repetiu que a data de julho de 2011 para o início da retirada das tropas estava gravada em mármore, enquanto o general Petraeus declarou domingo à televisão que não a considera "obrigatória".
Há menos de dois meses, Obama teve que mudar seu comando no Afeganistão, após uma entrevista do titular do posto, general Stanley McChrystal, que revelou as divisões do governo em torno da estratégia afegã. O general Petraeus foi nomeado para seu lugar.
O presidente anunciou sua nova estratégia afegã no final de 2009, com o envio de mais 30.000 soldados americanos, elevando seu total para 100.000, na esperança de quebrar a resistência dos talibãs. Ele anunciou também a data de julho de 2011 para o início da retirada, que deve ser acompanhada de um fortalecimento do Exército afegão.
Burton apoiou nesta segunda-feira a posição de Gates, explicando que a data de julho de 2011 não era "negociável". Mas ele assegurou também que o presidente e o general Petraeus estavam de acordo e que as declarações do oficial tinham sido retiradas de seu contexto.
Obama é criticado pelos republicanos por ter estipulado uma data de retirada, o que, segundo eles, apenas pode tranquilizar o inimigo. Obama também é criticado pela esquerda Obama por aqueles que pensam que a vitória é impossível no Afeganistão.
De acordo com a Foreign Policy, entre os possíveis candidatos à sucessão de Robert Gates estão a atual secretária adjunta de Defesa Michele Flournoy, o diretor da CIA Leon Panetta, ex-secretário da Marinha Richard Danzig, além de John Hamre, presidente do centro de reflexão (Think Tank) Center for Strategic and International Studies. Alguns mencionam o nome da atual chefe da Diplomacia, Hillary Clinton.
Secretário de Defesa dos EUA anuncia retirada em plena incerteza afegã
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