Gustavo Chacra CORRESPONDENTE / NOVA YORK - O Estado de S.Paulo
Sete anos e meio depois da queda do regime de Saddam Hussein, o presidente americano, Barack Obama, formalizará em discurso hoje o encerramento das operações de combate dos EUA no Iraque, apesar de a conclusão da retirada das tropas americanas já ter ocorrido na metade de agosto.
Segundo assessores do presidente, Obama deve evitar falar em vitória no discurso transmitido do Salão Oval da Casa Branca. Em visita a Bagdá, o vice-presidente Joe Biden reuniu-se ontem com autoridades civis e militares americanas. Ele participará das celebrações do encerramento das operações de combate. Apesar da retirada, os EUA ainda manterão cerca de 50 mil militares no Iraque para dar apoio logístico e treinamento às forças iraquianas.
Também estava previsto um encontro de Biden com líderes políticos iraquianos, que enfrentam dificuldade para formar um governo depois das eleições de março. O comandante das forças americanas, general Ray Odierno, que está de saída, afirmou, em entrevista ao New York Times, que talvez ainda demore mais dois meses até que os iraquianos cheguem a um acordo político - e ele não descarta a possibilidade de novas eleições.
Distanciamento. "Duvido que os EUA terão muita influência no Iraque no longo prazo. Na verdade, o Irã já é mais influente do que os americanos na política iraquiana", disse ao Estado, recentemente, Rashid Khalidi, professor da Universidade Columbia.
Marina Ottaway, do Carnegie Endowment for International Peace, concorda. "Os EUA podem dar conselhos e fazer sugestões, mas não estão em posição para forçar Bagdá a seguir os passos desejados por Washington."
O Iraque, que, cinco meses depois das eleições, ainda não tem um governo definido, sofre com a interferência de países vizinhos, como a Arábia Saudita, Síria e Irã, conforme escreveu o Wall Street Journal em editorial sobre a retirada americana. Como no Líbano dos anos 90, Bagdá tenta se reerguer depois de uma guerra.
Na avaliação de analistas, o conflito não terminará. "Seria um erro chamar o Iraque de qualquer outra coisa além de um sucesso provisório do presente", afirmou Michael O"Hanlon, do Brookings Institution.