O Exército Brasileiro iniciou ontem, em Cáceres, uma operação de adestramento da tropa que passará a exercer o papel de polícia em regiões fronteiriças, como determina a Lei Complementar 97, instituída pelo governo federal e que passou a valer no dia 25 de agosto deste ano.
Da Sucursal
A lei, que teve origem no Poder Executivo, permite ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica fazerem patrulhamento dos limites territoriais, revista de pessoas e efetuar prisões em flagrante, atividades até agora exercidas apenas pela Polícia Federal.
Com isso, na prática, os militares poderão agir no combate a crimes transfronteiriços, como tráfico de drogas, e ambientais, como desmatamento e tráfico de animais silvestres. A lei prevê ainda que eles podem agir "independente da posse, da propriedade e da finalidade" da área em que fizerem o patrulhamento, em uma referência às terras indígenas.
Desde a manhã de ontem, 150 militares do 2º Batalhão de Fronteira estão nas ruas de Cáceres, juntamente com a Polícia Militar. Inicialmente, eles atuam na fiscalização do trânsito e, depois passarão a atuar também em outras frentes. A operação está acontecendo no perímetro urbano, mas ainda esta semana começará também na zona rural, especialmente nas estradas que dão acesso à Bolívia.
Segundo o oficial de relações públicas do 2º Befron, Elder de Jesus Ferreira, serão montadas barreiras fixas e móveis, com a parceria da Polícia Federal e de policiais do Grupo Especial de Fronteira, o Gefron. Em Mato Grosso, são 900 quilômetros de fronteira com a Bolívia, 700 deles, secos.
Na área urbana, durante todo o dia de ontem foram realizadas blitze de trânsito em vários pontos da área central e nos acessos aos bairros. A população se surpreendeu, mas a maioria das pessoas entrevistadas pela reportagem gostou da novidade. O funcionário público municipal Edson Flávio Santos, por exemplo, afirmou que a presença de mais polícia nas ruas e na região faz aumentar a sensação de segurança. (CND)