Monitor Mercantil
A presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, enfrentou nesta segunda-feira fortes críticas a seu governo, por uma autorização dada aos Estados Unidos para que ingressem no país navios de guerra, aviões de combate e helicópteros com artilharia, assim como 7 mil marines. O argumento para justificar tal presença militar norte-americana é o de que ela servirá para enfrentar o narcotráfico.
Ante a crescente onda de questionamentos de diversos setores sociais em relação à medida, a presidente afirmou, em sua página no Facebook, que seu governo não pretende militarizar a luta contra as drogas, e que se trata de uma operação conjunta dos serviços guarda-costeiros de ambas as nações.
Na semana passada, a Assembléia Legislativa aprovou, por 31 votos a favor e oito contra, a permissão à Casa Branca para que ingressem 46 embarcações, 200 helicópteros, 7 mil homens e dez aviações de combate Harriet, de primeiro de julho a 31 de dezembro deste ano.
A decisão do congresso gerou rechaço imediato de setores sociais e partidos de oposição, que a qualificaram como "ilegal e violatória da soberania da Costa Rica", que não tem exército desde 1948.
"A presença da tal frota em águas do Oceano pacífico e mar do Caribe costarriquenses compromete severamente o país, à medida em que o atrela à agenda de guerra de Washington e converte o território em um objetivo militar", advertiu a Comissão Nacional de Enlace do Movimento Popular.
Em declarações ao diário La Nación, o Movimento Popular assinalou que, com a permissão, o governo de Laura Chinchilla se soma abertamente ao Plano Colômbia e à agenda de agressão e guerra contra a Venezuela e outros países sul-americanos que são ameaçados abertamente pelos Estados Unidos.
Outros partidos opositores, como Ação Cidadã, Frente Ampla e Unidade Social Cristã, expressaram seu rechaço à decisão, após argumentar que a força destrutiva dos barcos, helicópteros e marines é desproporcional para enfrentar o flagelo das drogas, e repudiaram o fato de os efetivos norteamericanos gozarem de imunidade.
Os partidos qualificaram a medida como "uma ocupação militar" derivada dos compromissos adquiridos no capítulo da segurança do tratado de livre comércio (TLC), firmado pelo ex-presidente Oscar Arias (2006-2010), "que já havia convertido a Costa Rica em um protetorado da Casa Branca".
Ao diário La Nación, o ministro da Segurança, Josá Maria Tijerino, expressou que as forças militares estadunidenses apoiam a Guarda Costeira costarriquense e irão operar sob seu comando. Este "reforço é necessário porque, na luta contra as drogas, seguem perdendo tanto as autoridades da Costa Rica, quanto as dos EUA", enfatizou.