Vazamento revela “esquadrão da morte” americano e a força do Talibã
Zero Hora
Quase 92 mil documentos secretos obtidos pelo site WikiLeaks revelam detalhes de uma guerra do Afeganistão mais difícil e mais sanguinária do que os EUA querem fazer crer. Entre as informações que vieram a público ontem está a existência de um “esquadrão da morte” americano – um destacamento militar especial encarregado de capturar ou matar insurgentes sem direito a julgamento.
Em um dos maiores vazamentos da história militar americana, os arquivos digitais, que vão de janeiro de 2004 a dezembro de 2009, mostram que a milícia fundamentalista Talibã está mais forte do que no início do conflito, em 2001, e que centenas de mortes de civis deixaram de ser relatadas oficialmente. Os documentos revelam ainda tentativas secretas de eliminar líderes da rede terrorista Al-Qaeda e do Talibã, a expansão das atividades de inteligência na região e dúvidas sobre o envolvimento dos governos do Irã e do Paquistão com os insurgentes.
Os textos vazados mostram também que há uma suspeita de que o serviço de espionagem paquistanês tem auxiliado rebeldes afegãos, apesar de o país receber mais de US$ 1 bilhão por ano de Washington para ajudar a combater os inimigos. Cerca de US$ 300 bilhões já foram gastos pelos EUA na guerra contra o Afeganistão, que matou até agora mais de mil militares americanos.
As revelações constrangeram a Casa Branca. O conselheiro de Segurança Nacional, Jim Jones, divulgou comunicado em que condena a divulgação dos documentos e diz que é importante notar que os textos refletem o período de 2004 a 2009. O atual presidente, Barack Obama, substituiu George W. Bush em janeiro de 2009. “Em dezembro de 2009, o presidente Obama anunciou uma nova estratégia, com aumento substancial de recursos para o Afeganistão e maior foco nos refúgios da Al-Qaeda e do Talibã no Paquistão, precisamente por causa da grave situação que se desenvolveu ao longo dos anos’’, diz o comunicado. Segundo Jones, “essa mudança de estratégia respondeu aos desafios’’ da guerra.
Para a Casa Branca, o vazamento “coloca em risco americanos e aliados e ameaça a segurança nacional’’. O governo, no entanto, não negou o conteúdo dos textos vazados.
“O WikiLeaks não fez esforço nenhum para entrar em contato com o governo americano sobre esses documentos. Mas esses vazamentos irresponsáveis não terão impacto no nosso compromisso de aprofundar as nossas parcerias com o Afeganistão e com o Paquistão para derrotar nossos inimigos em comum”, escreveu Jones.