*Martin Chulov - O Estado de S.Paulo
O grupo Filhos do Iraque foi criado no final de 2007 com o apoio do Exército dos EUA para vigiar todas as áreas sunitas do Iraque e foi um fator importante no declínio da hegemonia da Al-Qaeda em alguns pontos do país, como Ramadi, Falluja e Baquba, além de ser considerado um dos pilares na tentativa de construção do país.
Cada um dos integrantes do grupo recebia US$ 300 mensais, pagos inicialmente pelo Exército americano sob as ordens do então comandante dos EUA no Iraque, general David Petraeus. Quando a responsabilidade pela manutenção do grupo foi transferida para o governo de maioria xiita do primeiroministro Nouri al-Maliki, ele chegou a ter 130.000 membros.
Embora o grupo tenha sido um elemento crucial na estratégia de contrainsurgência implementada por Petraeus, ele não é mais considerado um grande ativo pelo governo Maliki, que acredita que nas suas fileiras estão infiltrados insurgentes e outros milicianos que participaram dos assassinatos de cidadãos xiitas.
A influência do grupo começou a perder força no ano passado, tendo sido oferecidos empregos para seus membros nas forças do governo ou mesmo em funções burocráticas, com seu número caindo para 71.000. Em dois meses, um novo governo será formado no Iraque - há quatro meses foi realizada a eleição - e o grupo será completamente dissolvido.
No entanto, os 239 líderes remanescentes dos Filhos do Iraque já temiam uma campanha de assassinatos mais intensa como parte da tentativa para sabotar o legado das tropas americanas que estão de partida.
No final de agosto, somente 50.000 soldados americanos seguirão no Iraque, nenhum deles combatente - chegaram a ser 167.000 em 2007.
*É CORRESPONDENTE DE "THE GUARDIAN"