Virgínia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos
A Força Aérea Brasileira (FAB) revisou o estudo sobre o programa de aquisição do cargueiro KC-390, que está sendo desenvolvido pela Embraer, e aumentou para 28 o número de aeronaves que serão compradas. Inicialmente a FAB previa a necessidade de 22 aviões para substituir a frota nacional de C-130, que tem mais de 30 anos de operação.
"Acreditamos que, no futuro, será necessário quase o dobro desse montante para atender ao número de missões realizadas pelo C-130", disse ontem o presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (Copac) e chefe do Subdepartamento de Desenvolvimento e Programas da FAB, brigadeiro Carlos Augusto Amaral Oliveira, logo após anúncio feito pela Embraer, da intenção de compra do cargueiro pela FAB.
A Embraer planejou produzir 180 unidades do seu novo avião de transporte militar nos primeiros dez anos de comercialização. A empresa identificou demanda potencial de 700 aeronaves na classe do KC-390, negócio estimado em US$ 50 bilhões, sendo que 100 delas na América do Sul. Em entrevista concedida anteriormente ao Valor, o diretor do programa KC-390 na Embraer, Paulo Gastão Silva, disse que existe uma demanda bem distribuída pelo mundo, envolvendo um total de 77 países.
De acordo com estudo feito pela Embraer, a frota mundial de aviões de transporte é de 2.802 cargueiros, sendo que 1.613 aviões tem idade superior a 25 anos, o que significa que estão próximos de serem substituídos.
Segundo a FAB, o C-130, que será substituído pelo KC-390, é utilizado hoje nas áreas de transporte de tropas e cargas, busca e resgate, ressuprimento aéreo, evacuação médica, combate a incêndio florestal e reabastecimento em voo.
O jato, de acordo com a Embraer, está sendo projetado também para operar em pistas curtas e semi-preparadas e em ambientes da Antártida e da Amazônia. Nos requisitos iniciais, o KC-390 foi projetado para transportar 19 toneladas, mas essa capacidade deverá atingir 23,6 toneladas, segundo informou a Embraer.
O KC-390 começou a ser desenvolvido em abril de 2009, a partir de um acordo assinado entre a Embraer e a FAB, que destina US$ 1,3 bilhão para o projeto. O valor cobre todas as atividades de concepção, desenvolvimento, ensaios, certificação e preparação para a produção. Segundo o brigadeiro Amaral, o contrato de produção das aeronaves da FAB deverá ser firmado com a Embraer nos próximos dois anos.
"Terminamos a fase de estudos preliminares e iniciamos o desenvolvimento propriamente dito. A previsão é de que até maio do a definição dos parceiros e fornecedores do KC-390 também esteja concluída", explicou o brigadeiro.
O presidente da Copac garantiu que a indústria aeroespacial brasileira terá um papel de importante no programa de desenvolvimento do novo cargueiro, especialmente nas áreas de sistemas aviônicos, estrutura e trem de pouso. "Estamos muito otimistas com o projeto e acreditamos que o KC-390 tenha um grande potencial de vendas para a exportação", comentou.