Colômbia diz que pode denunciar no TPI a Venezuela, que adverte sobre resposta militar
O Globo
Aumentando o tom contra a vizinha Colômbia e mais uma vez trocando ameaças com Bogotá, a Venezuela garantiu ontem que está pronta para se defender militarmente.
Em declarações à TV estatal, o ministro da Defesa Carlos Mata desmentiu categoricamente as acusações feitas pelo presidente Álvaro Uribe e advertiu que a Força Armada Nacional Bolivariana dará uma resposta contundente a qualquer força estrangeira que tentar violar a soberania do país. Horas antes, o procurador-geral da Colômbia disse que avalia a possibilidade de levar as denúncias sobre geurrilheiros na Venezuela ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
Que o povo venezuelano e o governo colombiano contem com uma resposta contundente por parte da Força Armada Nacional Bolivariana se forças estrangeiras tentarem violar de alguma maneira o sagrado território enfatizou.
A reação venezuelana ocorreu após a ameaça da Colômbia de levar as acusações à Corte em Haia, caso seja determinado que houve crimes de guerra e contra a Humanidade. Bogotá afirma que há cerca de 1.500 guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) no país vizinho, e que a Venezuela não cumpre as obrigações internacionais, ao deixar de lutar contra guerrilheiros ligados ao narcotráfico.
De tal maneira que se esses comportamentos forem considerados crimes de guerra e crimes contra a Humanidade, a Procuradoria avaliará a possibilidade de estabelecer uma relação entre esses ataques e o apoio que pessoas ou autoridades atrás da fronteira da Venezuela podem estar dando disse o procurador-geral colombiano, Guillermo Mendoza.
Para Caracas, acusação é baseada em mentiras
As declarações de Mendoza provocaram a procuradora-geral venezuelana, Luisa Ortega. Segundo ela, a acusação sobre a presença de guerrilheiros é baseada em mentiras. Me chama a atenção dizerem que têm prova. Uma prova pré-constituída, que não teve o controle de ninguém. De todas as formas, nós nos defenderemos garantiu ela.
Ontem, o ministro da Defesa deu total respaldo da Forças Armadas à decisão de Chávez de romper as relações com a Colômbia. Uribe, por sua vez, responsabilizou o governo de Caracas pela crise bilateral e por um eventual incidente armado. Embora o líder venezuelano tenha lançado na quinta-feira um alerta para os pontos fronteiriços, seu vice, Elias Jaua, disse ontem que a situação na região não havia mudado.
No entanto, o governador do departamento colombiano de Arauca, Luis Eduardo Ataya, pediu que os cidadãos evitem passar para o país vizinho diante do que considera uma iminente militarização da fronteira. Segundo moradores de três departamentos, autoridades começaram ontem a impor restrições ao transporte de carga.
Na quinta-feira, Chávez disse aos colombianos que vivem em seu país que seus direitos estão garantidos. Mas o rechaço ao rompimento das relações é unânime entre esse imigrantes. Eles temem que autoridades possam tomar medidas, tachando Chávez de imprevisível
Paraguai apoia denúncias da Colômbia
Herdeiro de uma longa crise entre Caracas e Bogotá, o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, reiterou que só irá se pronunciar sobre a crise quando assumir o cargo, no dia 7. Ele disse esperar trabalhar para reatar laços com Chávez a fim de salvar as relações bilaterais. Agora, cabe ao presidente colombiano decidir disse Santos, considerando ainda que a melhor coisa que se pode fazer para tentar resolver o problema é não mencioná-lo.
Em Washington, o embaixador da Venezuela na Organização dos Estados Americanos (OEA), Roy Chaderton, reafirmou a total rejeição às provas apresentadas, mas reconheceu a fragilidade do controle fronteiriço, culpando a incompetência do governo colombiano por isso.
Há 60 anos entram na Venezuela, pela Colômbia, não somente guerrilheiros, mas militares, paramilitares, delinquentes, narcotraficantes, contrabandistas. A Venezuela é vítima dessa situação, que não é controlada pelas autoridades colombianas acusou.
Já o procurador-geral do Paraguai, Rubén Candia, afirmou que membros do grupo armado Exército Popular Paraguaio (EPP) foram treinados pelas Farc na Venezuela, respaldando assim as acusações colombianas. Temos elementos suficientes para acreditar que foram treinados lá disse.
Duelo de ameaças
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