Alemanha anuncia demissão de 15 mil servidores e corte de 40 mil nas Forças Armadas
BERLIM, LUXEMBURGO, NOVA YORK e RIO - O Globo
Já no ano que vem os gastos serão reduzidos em € 11 bilhões. Depois serão de € 19,1 bilhões em 2012 e € 24,7 bilhões em 2013, chegando a € 26,6 bilhões no ano seguinte. Com isso, o déficit, que este ano, devido às medidas de estímulo adotadas contra a crise financeira, deve atingir 5% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), ficaria dentro do teto da UE, de 3% do PIB, até 2013.
As principais medidas incluem a demissão de 15 mil servidores públicos, de acordo com o jornal espanhol "El País". O Ministério da Defesa também vai analisar uma maneira de reduzir o número de pessoal nas Forças Armadas em 40 mil. Segundo o "New York Times", o ministro da pasta, Karl-Theodor zu Guttenberg, queria um corte maior, de 100 mil, para 150 mil soldados. Ele também defendia o fim do serviço militar obrigatório, mas este apenas passará de nove para seis meses
Zona do euro aprova fundo de € 440 bi
Também serão eliminados benefícios sociais, como a ajuda de custo para novos filhos e para aquecimento, além da redução dos pagamentos a quem estiver desempregado há mais de seis meses. A isenção concedida a empresas de um imposto ambiental também será suspensa.
— Estamos em tempos difíceis. Já não podemos nos permitir tudo aquilo que desejamos se quisermos construir o futuro — disse Merkel.
Além disso, o governo vai reforçar seu caixa com novos impostos. Os passageiros de todos os voos saindo da Alemanha pagarão uma tarifa, que vai variar conforme o preço da passagem e o nível de ruído e consumo de combustível. As operadoras de usinas nucleares também pagarão imposto sobre seus lucros. Mas o governo descartou elevar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) Merkel admitiu que a Alemanha tem sofrido pressão internacional para gastar mais, a fim de estimular a demanda. O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, fez apelo nesse sentido durante a reunião de ministros de Finanças do G-20 (que reúne as principais economias industrializadas e emergentes) na Coreia do Sul, no fim de semana. A França também vem criticando a política econômica alemã, que, argumenta, pode prejudicar a recuperação nos 16 países da zona do euro.
Analistas esperam que o governo da Hungria, que na sexta-feira abalou os mercados ao dizer que estava no mesmo caminho da Grécia, anuncie medidas de austeridade. Mas ontem o ministro da Economia, Gyorgy Matolcsy, afirmou que o país mantém o compromisso de manter seu déficit em 3,8% do PIB e que, no momento, isso não seria necessário. Em pronunciamento na televisão à noite, ele disse, porém, que o governo deve criar um imposto de 15% a 20% para as famílias, a partir de 2011.
Os temores sobre a Hungria foram minimizados pelo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, e por Jean-Claude Juncker, que preside o Eurogroup, dos ministros de Finanças da zona do euro.
— Não vejo qualquer problema com a Hungria. O único problema que vejo é que os políticos da Hungria falam demais — disse Juncker.
O grupo assinou ontem a criação do Mecanismo de Estabilidade Financeira Europeia, para controlar a crise da dívida na região. Ele consiste em um fundo de € 440 bilhões, a ser usado para lastrear a venda de títulos de governos. Os recursos dessas operações serão usados para financiar países do bloco em dificuldade. O fundo estava previsto no pacote de € 750 bilhões criado pela UE há um mês, no auge da crise grega.
Bruno Villas Bôas, com agências internacionais