Funcionários do governo desmentem notícia de agência que previa congelamento de acordo
O Estado de SP
MOSCOU – A Rússia disse nesta quinta-feira, 10, que as sanções aplicadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Irã não interferem no acordo que prevê o envio de mísseis terra-ar S-300 à República Islâmica, desmentindo declarações de uma fonte não identificada na indústria armamentista russa citada pela agência Interfax.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Andrei Nesterenko, disse que as sanções, que colocam embargos sobre o comércio de armas com o Irã, não se aplicam a sistemas de defesa aérea, como é o caso dos S-300.Mikhail Dmitriyev, chefe do Serviço Federal de Cooperação Técnico-Militar, que supervisiona o acordo, também disse que a nova resolução passada no Conselho de Segurança na quarta não têm efeito sobre os mísseis. “A Rússia de nenhuma forma está proibida de fornecer o sistema de defesa dos mísseis S-300 ao Irã, e o contrato seguirá valendo”, disse Dmitriyev à agência Itar-Tass.
Segundo ele, as sanções “deixaram um grande espaço” para outras cooperações militares entre russos e iranianos. “As restrições dizem respeito somente a dispositivos ofensivos. Também há outros assuntos nos quais continuaremos cooperando com o Irã”, completou, sem dar detalhes.
As declarações de Dmitriyev e Nesterenko ocorreram depois que a agência de notícias Interfax anunciou que a Rússia congelaria o contrato de envio de mísseis S-300 ao Irã. “A decisão do Conselho de Segurança da ONU deve ser aplicada por todos os países e a Rússia não será uma exceção. É por isso que o contrato de entrega de mísseis terra-ar S-300 ao Irã será congelado”, indicou a fonte.
Moscou e Teerã se colocaram de acordo para a entrega dos mísseis, o que fez com que os russos fossem duramente criticados por outras potências mundiais. O envio já deveria ter sido feito, mas problemas técnicos impediram a entrega e as armas nunca chegaram ao território iraniano.
Israel, os EUA e a Europa denunciaram o contrato, já que o sofisticado sistema de mísseis permitiria a Teerã defender-se de quaisquer ataques que ameaçassem suas instalações nucleares.