Cargueiro KC-390 é visto pela empresa como desafio e promessa por suceder ao Hércules, cuja frota atinge 2 mil unidades só nos EUA
Cláudia Bredarioli - Brasil Econômico
Dos três segmentos em que disputa espaço no mercado internacional — aviação comercial, executiva e militar —, a Embraer tem hoje cartas para apostar com força nesses dois últimos. Como objetivo, quer equacionar a médio prazo as fontes de receita da empresa, concentradas em 65%na aviação comercial.
Futuramente, porém, essa estimativa pode crescer já que, segundo Curado, "o KC-390 vai ser um sucesso absoluto na substituição do Hércules". E só nos Estados Unidos há cerca de 2mil unidades deste modelo em operação. Ainda que considere difícil a entrada no mercado americano, Curado reforça a possibilidade comercial de exportação do produto especialmente por se tratar de um cargueiro — e não de uma aeronave que esteja diretamente ligada a funções de defesa.
Além disso, Curado destaca ainda a presença do governo federal como um forte negociante na venda dessa aeronave. "O Brasil já tem diálogo com algumas nações como Colômbia, Chile, Portugal e África do Sul para estabelecer relação de compra e fornecimento desses países, que seriam compradores naturais", diz.
Neste sentido, o executivo reforça que as fábricas que estão sendo construídas em Évora, Portugal, poderão ser fornecedoras de peças para a montagem do KC-390, mas "isso vai depender de como estiver a demanda pelas aeronaves à época". A expectativa, porém, é otimista:"Este avião representa um dos maiores desafios de engenharia que já tivemos: ele precisa pousar em pista não pavimentada, abastecer e ser abastecido em voo, voar na Antártida e no Equador, com velocidade baixa ou altíssima e, além de tudo, carregar 121 toneladas. Por isso leva a Embraer a um outro patamar tecnológico".
Ainda que as expectativas sejam as mais positivas para a inserção do KC-390 no mercado, no médio prazo a estimativa de crescimento da Embraer se calca principalmente nas vendas voltadas para a aviação executiva. Curado prevê que, até 2015, a Embraer esteja posicionada entre as cinco maiores fabricantes globais. "Hoje ocupamos a sexta posição, ainda como entrantes nessa disputa".
A se considerar as encomendas e entregas registradas para essas aeronaves, essa meta não está distante: só do Lineage já foram entregues 5 unidades e há outras 20 encomendas e, do Phenom 100, que também será produzido nos EUA, há 130 já entregues.
"Até 2015 estaremos posicionados entre os cinco maiores fabricantes globais no segmento de aviação executiva. Por enquanto, estamos em sexto, como entrantes nessa disputa"
Frederico Fleury Curado, Presidente da Embraer
Receita terá queda de US$ 500 mi em 2010
Ainda como reflexo da crise econômica, neste ano, a Embraer vai sofrer perda de US$ 500 milhões em sua receita, baixando de US$ 5,5 bilhões em 2009 para US$ 5 bilhões este ano. "De maneira geral, a recuperação já começou, mas ainda é muito lenta e vai demorar para voltarmos a registrar os resultados que tínhamos em 2007 e 2008", afirma Frederico Curado. Isso ocorre porque a Embraer exporta 90% de sua produção e, segundo Curado, "o mundo não está no mesmo momento que o Brasil vive hoje". Essa lentidão no processo de recuperação do mercado reflete o dado com o qual as empresas aéreas trabalham de uma estimativa de prejuízo global de US$ 2,8 bilhões para este ano.
Mesmo assim, há previsão de aumento de contratações da Embraer no médio prazo, especialmente no exterior, com base na estratégia de ampliar a atuação da empresa fora do país. A companhia hoje conta com 16,8 mil empregados, sendo que quase 16 mil desses funcionários estão no Brasil e todos têm, no mínimo, segundo grau completo.
muito bom!!!
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