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23 junho 2010

Críticas de general abrem crise nos EUA

Comandante das forças americanas no Afeganistão é chamado a se explicar na Casa Branca por reportagem

ANDREA MURTA - DE WASHINGTON - Folha de SP

Stanley McChrystal, general que comanda as forças dos EUA no Afeganistão, foi chamado a Washington ontem após ele e sua equipe lançarem insultos que vão de "intimidado" a "palhaço" ao presidente Barack Obama e a altos membros do governo.

Os comentários foram feitos a um repórter da revista "Rolling Stone" que passou meses com a equipe de McChrystal. O texto causou furor imediato ao ser publicado no site da revista e circular em Washington. Segundo a mídia local, o general pôs o cargo à disposição.

O episódio mancha a imagem do esforço americano em um momento particularmente difícil da guerra no Afeganistão.

O número de soldados americanos mortos desde 2001 passou recentemente de mil. Uma operação classificada como crítica (a tomada de Candahar) foi adiada. E há rumores de que a retirada das tropas, marcada para começar em um ano, pode ser mais lenta do que o previsto.

Na reportagem, o vice-presidente Joe Biden é alvo de um dos comentários mais ofensivos. Um assessor faz um trocadilho chamando-o de ""Bite Me [algo como "não enche"]". McChrystal ri.
 
O grupo também diz que o general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional, "é um palhaço preso em 1985", e o general afirma que não quer nem ver e-mails de Richard Holbrooke, enviado da Casa Branca para Afeganistão e Paquistão.
 
Obama, que segundo fontes foi descrito por McChrystal como despreparado, "desconfortável e intimidado", ficou furioso, mas ainda não decidiu se aceitará a renúncia do general.
 
"Todas as opções estão na mesa", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.

HISTÓRICO

Não é a primeira vez que McChrystal é convocado para se explicar ao presidente. Ele já foi repreendido após dizer que a visão de Biden para o Afeganistão transformaria o país no "Caosistão".

Obama terá dois encontros com McChrystal hoje, um deles em particular. Mas o presidente disse que "qualquer decisão será determinada inteiramente" por questões estratégicas. "Nosso foco está no sucesso da guerra."

O secretário da Defesa, Robert Gates, disse em nota que McChrystal cometeu "um erro significativo" e que as tropas não precisam "desse tipo de distração".

Além dos insultos aos líderes políticos, a reportagem da "Rolling Stone" apresenta também uma visão pessimista sobre a situação no Afeganistão, considerada a "guerra de Obama" -pouco após assumir, o presidente deslocou do Iraque para o país o principal eixo das preocupações militares americanas.

Há várias críticas à estratégia de contrainsurgência de McChrystal.
 
A estratégia exige alto número de soldados, não só para derrotar o inimigo, mas para viver entre a população e reconstruir um governo viável. Na prática, há uma expansão do papel das Forças Armadas a áreas tradicionalmente da diplomacia, Num esforço de prazo indefinido.

O analista Robert Dreyfuss diz que está mais do que na hora de o general ser demitido. À Folha ele disse: "Não é que ele seja incompetente, é que sua estratégia é insana".

Outros comentaristas dizem que não há boa saída.

"Obama pode demitir McChrystal e dar a impressão de que perdeu o controle da guerra, ou mantê-lo e dar a impressão de que perdeu o controle de seus generais", disse o apresentador da MSNBC Chris Matthews.

Um dos poucos a defender o general foi o controverso presidente afegão Hamid Karzai, que disse que ele "é o melhor comandante que os EUA enviaram [ao país]".

Artigo só foi possível por vulcão

Foi apenas graças à erupção do vulcão islandês Eyjafjallajokull, em abril, que o repórter da "Rolling Stone" Michael Hastings conseguiu acesso prolongado a McChrystal. Ele acompanhava o general e sua equipe quando as cinzas impediram a decolagem de um voo, e todos foram de ônibus de Berlim a Paris.

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