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O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou nesta quarta-feira em São Paulo que o Conselho de Defesa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) caminha para um modelo de "responsabilidade compartilhada", como o aplicado na Europa. "O conselho foi uma tentativa complexa e difícil, mas bemsucedida, que procura a constituição da indústria de defesa sul-americana com o modelo europeu de responsabilidade compartilhada", comentou Jobim em um seminário promovido pelo Ministério da Defesa na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
No entanto, Jobim apontou que, ao contrário do modelo europeu, o que for aplicado na América do Sul deve ter "uma concepção de defesa própria que a Europa não tem ao se amparar só na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)". Para o ministro, o conselho permite "uma nova sintonia entre as instituições armadas e sua modernização de equipamento".
No mesmo seminário, que teve segurança como tema, o assessor especial para assuntos internacionais da presidência, Marco Aurélio Garcia, descartou um eventual conflito entre Colômbia e Venezuela, países que passam por uma nova crise política. "Já houve uma situação muito mais difícil que foi superada.
Criamos um grupo de presidentes para ajudar no processo de aproximação da Colômbia, que está enfrentando eleições. Vamos ver o que ocorre. Há candidatos, inclusive, que estão explicitando o desejo de buscar uma solução de paz com a Venezuela", comentou. Garcia lembrou que, quando Jobim viajou pela América do Sul com o propósito de promover a criação do conselho de defesa, houve uma posição de receio da Colômbia, particularmente do então ministro Juan Manuel Santos, hoje candidato presidencial. "Mas as diferenças foram superadas e estamos em um nível razoável de acordo", afirmou.
"Precisamos de tolerância e paciência, muita paciência, para compreender o discurso de integração na América do Sul. A vantagem é que estamos em uma zona de paz, apesar das diferenças", ressaltou Jobim.