Rio de Janeiro - O pacote de reaparelhamento militar e transferência tecnológica da Marinha, assinado entre o Brasil e a França, soma 6,7 bilhões de euros. Envolve a construção de quatro submarinos convencionais Scorpene e um nuclear, uma base, um estaleiro, uma unidade de estruturas metálicas, equipamentos e armamentos, incluindo torpedos e mísseis.
Mas o dinheiro não é apenas uma forma de garantir soberania militar ao Brasil, principalmente para proteger as imensas reservas de petróleo do pré-sal. Segundo o almirante de esquadra José Alberto Fragelli, coordenador-geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear, esse investimento terá impacto em centenas de empresas nacionais, com o avanço tecnológico.
"O ciclo do combustível nuclear traz uma tecnologia que depende de muitas fábricas fornecerem certos materiais que elas não sabem ainda como são e estão aprendendo a fazer", afirmou.
Fragelli citou como exemplo o fornecimento das baterias usadas para mover os submarinos. Uma fábrica de São Paulo se dispôs a investir em uma linha de produção específica, desenvolvendo tecnologia própria.
"O Scorpene terá 360 elementos de bateria. Cada elemento pesa cerca de 550 quilos. Essa empresa, com isso, também fornecerá baterias para outras Marinhas no mundo", exemplificou o almirante. Segundo ele, existem cerca de 600 mil componentes em um submarino nuclear e 200 mil no caso do Scorpene.
Para ele, a produção dos submarinos brasileiros vai representar um importante impulso de trabalho na cadeia produtiva. "Vai gerar cerca de 5 mil empregos diretos e 20 mil indiretos. Essas fábricas todas vão começar a produzir não só para o Brasil, mas para exportação. O reator [nuclear] que vamos fazer poderá ser utilizado por cidades pequenas para gerar energia elétrica para até 50 mil habitantes", destacou Fragelli.