Rio de Janeiro - As obras da base naval onde serão construídos e mantidos os novos submarinos convencionais e nuclear brasileiros serão iniciadas oficialmente no início de junho. A informação foi divulgada pelo almirante José Alberto Fragelli, coordenador-geral do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Cogesn). O início dos trabalhos terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O canteiro de obras em Itaguaí, município da região metropolitana do Rio, na Baía de Sepetiba, já está sendo preparado desde o início do ano, mas a visita de Lula à região teve de ser adiada duas vezes por causa de condições climáticas.
De acordo com o almirante, a área vai abrigar a base naval, o estaleiro e a unidade de fabricação de estruturas metálicas, onde serão feitos os segmentos dos cascos dos submarinos. A previsão é de que as obras levem quatro anos, permitindo que a partir de 2014 o Brasil ingresse no reduzido grupo de países com capacidade de construir um submarino nuclear - previsto para entrar em operação em 2022.
Antes disso porém, já em 2016, o país vai lançar ao mar o primeiro submarino Scorpene, de um grupo de quatro que vão reequipar a Marinha com uma geração mais nova desse tipo de embarcação. O Scorpene é uma versão reduzida, com cerca de um terço do tamanho do submarino nuclear, mas muito parecido, o que vai ajudar os engenheiros e técnicos a compreender os detalhes do projeto principal.
"Antes do submarino nuclear, nós vamos desenvolver e absorver tecnologia de submarinos convencionais. Vamos fazer quatro submarinos e desses vamos desenvolver o nuclear. O submarino [nuclear] leva seis anos para ser construído. Começa em 2015 e vai até 2021. No início de 2022 estará pronto para as primeiras provas de mar", explicou Fragelli.
Atualmente, a frota brasileira se resume a cinco submarinos convencionais, construídos com tecnologia alemã. O poder de fogo deles é limitado a torpedos. Já os novos Scorpenes, assim como o nuclear, utilizarão torpedos e também mísseis Exocet, ambos franceses, mas que deverão ser produzidos no país futuramente.
Enquanto o casco do submarino nuclear estiver sendo construído em Itaguaí, o reator nuclear de propulsão estará sendo finalizado em Iperó (SP), no Centro Experimental de Aramar, da Marinha.
"A primeira coisa que nós temos de fazer é desenvolver o ciclo completo [do urânio], porque no contrato que fizemos com a França, para termos transferência de tecnologia, ficou bem claro que ela não nos dará nada sobre propulsão nuclear", explicou Fragelli.
O almirante frisou que as intenções do Brasil no domínio nuclear são pacíficas e que a frota brasileira em construção terá fins defensivos. "EUA, França, Rússia, China e Inglaterra têm submarinos que podem lançar mísseis intercontinentais, com bombas nucleares. O Brasil nunca pensou em fazer bomba atômica. Temos mísseis para nossa autodefesa, para nos defender de um ataque externo", frisou Fragelli.