Governante russo afirma que pretensões japonesas são razão da compra
Área Militar
Segundo a imprensa russa, o vice-ministro russo da defesa, Vladimir Popov, terá afirmado que a aquisição por parte da marinha russa de quatro navios porta-helicópteros da classe Mistral à França, são resultado da continua pressão do Japão para reaver as ilhas Curilhas, que foram capturadas pela União Soviética durante a fase final da II guerra mundial, poucos dias antes da rendição do Japão.
As ilhas são disputadas entre japoneses e russos desde o século XVII [1].
As ilhas são disputadas entre japoneses e russos desde o século XVII [1].
As confrontações entre japoneses e russos continuaram com altos e baixos para os dois lados. Quando a esquadra russa foi esmagada pelos japoneses em Tsushima em 1905, a posição russa ficou muito fragilizada. A situação de fragilidade dos russos, aumentou depois da derrota frente aos alemães, que levou a uma humilhante rendição da Rússia que resultou posteriormente numa guerra civil. Na altura os japoneses aproveitaram para tomar não só posições nas ilhas Curilhas, como também tomaram parte da ilha Sakalina.
No final da II guerra mundial, a União Soviética aproveitou a total decadência do Japão, para retomar a parte sul da ilha Sakalina e para ocupar as ilhas Curilhas.
Até hoje, embora o Japão não reclame nenhuma parte da ilha Sakalina, continua a reclamar da ocupação russa das ilhas Curilhas, que os japoneses consideram como seu território.
O Japão tem vindo continuamente a reclamar a devolução dos territórios ocupados pelos soviéticos na sequência da II guerra mundial, e a questão tem prejudicado as relações entre os dois países desde os anos 50.
O poder naval do Japão, tem vindo a aumentar, chegando ao ponto de a marinha japonesa ser a segunda mais poderosa do Pacífico, logo a seguir à marinha dos Estados Unidos.
Russos preocupados com situação de inferioridade
As preocupações tácticas dos russos compreendem-se pois na actualidade, a situação da esquadra russa no Pacífico é de tremenda inferioridade – não contando com sistemas de armas nucleares, cuja utilização está fora de questão contra uma potência não-nuclear como o Japão.
O poder naval do Japão, tem vindo a aumentar, chegando ao ponto de a marinha japonesa ser a segunda mais poderosa do Pacífico, logo a seguir à marinha dos Estados Unidos.
Russos preocupados com situação de inferioridade
As preocupações tácticas dos russos compreendem-se pois na actualidade, a situação da esquadra russa no Pacífico é de tremenda inferioridade – não contando com sistemas de armas nucleares, cuja utilização está fora de questão contra uma potência não-nuclear como o Japão.
Os russos, estão numa situação de pré-colapso, com navios absolutamente ultrapassados e obsoletos, de valor militar mínimo, contra marinhas equipadas com sistemas dos mais modernos, como é o caso das marinhas do Japão e da Coreia do Sul, que possuem navios armados com sistemas de combate super sofisticados, construídos à volta dos radares Spy-1 norte-americanos e dos sistema integrado de combate AEGIS.
Mesmo a marinha da China, ainda que tecnologicamente menos avançada, possui navios mais modernos e com maior esperança de vida, além de, por ser uma potência do Pacífico, poder concentrar num único oceano toda a sua força militar naval, possuindo por isso um numero de navios impressionante.
A comparação da esquadra russa do Pacífico com a esquadra japonesa, demonstra uma distanciação em termos de poder militar e tecnológico, que deixa a Rússia numa situação de debilidade absoluta.
Em termos convencionais, a esquadra russa do Pacífico, é neste momento a quinta classificada, depois da esquadra dos Estados Unidos, do Japão, da China e da Coreia do Sul.
Problema russo é antigo e não tem aparentemente solução
O problema do poder naval russo no Pacífico é antigo e é resultado da dimensão continental da Rússia, que é ao mesmo tempo uma potência europeia e asiática. Isto faz com que para manter alguma presença militar nos mares, a Rússia tenha que dividir por três ou quatro os seus efectivos navais.
Os russos têm forças navais no Mar Báltico, onde está o seu principal porto comercial, mas este mar pode ser facilmente «fechado» pelos países da NATO. Para evitar esse problema, os russos têm uma outra esquadra do Mar do Norte, o que leva a ter que dividir as forças.
Além disso a sul, os russos precisam de uma esquadra no Mar Negro, de onde projectam alguma da sua capacidade militar para o Mediterrâneo para garantir uma via de abastecimento em caso de necessidade. A somar a isto, ainda há a necessidade de dispor de uma esquadra no Pacífico.
A Rússia não tem meios para manter quatro forças poderosas nestes quatro cenários, e a distância e a situação táctica é tal, que faz com que seja quase impossível para estas forças apoiarem-se mutuamente.
Esta debilidade táctica e estratégica sempre foi um quebra-cabeças para os russos, e a demonstração mais clara deste problema está nos acontecimentos de 1904-1905, em que para atacar os japoneses no Pacífico, os russos transferiram quase todos os seus principais navios do Báltico e do Mar Negro para o Pacífico para garantir superioridade naval contra os japoneses que atacavam o porto russo de «Porto Artur», um enclave russo em território chinês.
A história é conhecida, e nas batalhas travadas contra a marinha japonesa, a esquadra russa foi completamente destruída e os seus navios afundados ou capturados pelos japoneses.
A desconfiança dos russos frente aos japoneses nunca foi por isso ultrapassada. Na fase imediatamente anterior à II Guerra Mundial, os russos infligiram uma derrota clara aos japoneses nas estepes do sudeste da Mongólia em Kakhin Gol, mas essa batalha foi terrestre e demonstrou que as tropas terrestres russas estavam melhor preparadas que as japonesas. Mas mesmo nessa altura a esquadra imperial japonesa era esmagadoramente superior à russa, que contava no Pacífico apenas com meia dúzia de navios.
Confrontação é improvável, mas é razão de preocupação
A possibilidade de qualquer tipo de confrontação entre japoneses e russos não é vista como real, mas os japoneses nunca deixaram de reclamar a devolução das ilhas Curilhas, havendo movimentos extremistas japoneses, que ainda que muito minoritários, defendem a reocupação das ilhas.
A situação de decadência da Rússia como potência militar, faz com que o país apareça como um alvo fácil, e em nenhum ramo essa decadência é tão gritante e tão evidente como no campo naval, onde exactamente como depois de 12905, a Rússia é basicamente uma potência de 2ª linha, pouco relevante em termos militares e segura apenas pelo facto de possuir armamentos nucleares, que a Rússia dificilmente poderia utilizar, pois isso teria consequências imprevisíveis.
Os objectivos russos com a aquisição de navios com as características dos porta-helicópteros franceses, poderá permitir à marinha russa o rápido envio de forças de reforço para qualquer daquelas ilhas, em caso de um improvável escalar de tensões entre os dois países.
A marinha japonesa possui oito contra-torpedeiros equipados como o sistema de combate AEGIS, três contra-torpedeiros porta-helicópteros, 39 contra-torpedeiros mais pequenos (equivalentes a fragatas na designação europeia), uma força de 17 submarinos convencionais. O Japão lançou também recentemente um porta-helicópteros e tem outro em construção, além de operar três navios de desembarque da classe Osumi, com um deslocamento máximo de 14.000 toneladas cada um.
Os russos possuem um navio cruzador lança-mísseis, um contra-torpedeiro e alguns navios menores.
[1] – A autoridade japonesa sobre as Curilhas resulta de um tratado assinado em 1875 entre os dois impérios, em que o Japão aceitava a autoridade sobre a ilha Sakalina (a maior ilha russa, de onde os japoneses foram definitivamente expulsos em 1949) e em rtoca os russos reconheciam a autoridade japonesa sobre as Curilhas.