MÁRCIO FALCÃO - Da Sucursal de Brasília - Folha Online
Ao deixar a audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o ministro Nelson Jobim (Defesa) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem interesse de deixar nas mãos de seu sucessor a definição sobre a compra de aviões caças para a FAB (Força Aérea Brasileira).
Segundo o ministro, as negociações com a empresa vencedora, entre as três que disputam a venda, poderão começar no final do mês caso o processo ganhe celeridade. "O presidente quer decidir nesse governo, quer decidir agora. Há oito anos estávamos distantes de 2014 que era o período da obsolescência, temos que antecipar essa decisão agora", afirmou.
Durante audiência na comissão, Jobim disse que pretende entregar na próxima semana seu relatório ao presidente Lula sobre com a avaliação sobre as aeronaves F-18 Super Hornet, da americana Boeing, Gripen NG, da sueca Saab e o Rafale da francesa Dassault.
Após a apresentação do texto, o presidente Lula de convocar o Conselho de Defesa Nacional para discutir a compra --embora tenha autonomia para escolher o modelo a ser comprado pelo Brasil.
"Não existe decisão final, existe decisão de que poderá haver o início das negociações com determinada empresa. Agora, se essas negociações vão ser bem sucedidas vai depender do que virá depois. Poderá eventualmente [negociação começar no fim de abril]", afirmou.
Jobim disse que ainda não tem informações sobre a diferença de preço das três aeronaves e afirmou que ainda não sabe quanto essa questão poderá pesar em sua decisão final.
"Sou um sujeito analítico e ainda não cheguei nesse ponto [preço]. Quando chegar nesses valores vou avaliar qual o jogo com aquela questão fundamental: interessa um preço x com capacitação nacional ou preço x menos um sem capacitação", afirmou..
Aos parlamentares, Jobim reafirmou que o governo está preocupado com a questão da transferência tecnológica e disse que Comando da Aeronáutica apontou que o Rafale é mais "consistente" com a estratégia de defesa nacional traçada pelo governo Lula.
"Não somos compradores de avião, somos negociadores de um pacote tecnológico", afirmou.