Fabricação de bombas sujas preocupa especialistas

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Desde 1993, há 390 casos de roubo, sumiço e contrabando de material nuclear

Andrea Rizzi
Do El País

MADRI. Os temores de que material radioativo caia nas mãos de grupos terroristas não são infundados. Segundo as Nações Unidas, desde 1993 foram registrados 390 casos de roubo, sumiço e contrabando de material nuclear no mundo. Somente a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aponta em seus relatórios 18 ocorrências de urânio e plutônio enriquecidos em níveis adequados para uso militar — que poderiam facilmente ser usados na fabricação das chamadas bombas sujas.

— Isso é apenas a ponta do iceberg, porque os governos relutam muito em tornar pública a perda de material sensível. A conferência de segurança é um importante passo adiante — afirmou Leonor Tomero, diretora do Departamento de Não Proliferação do Centro de Controle de Armas, em Washington.

Em dezembro de 1994, graças a uma denúncia anônima, a polícia da República Tcheca recuperou num carro estacionado nas ruas de Praga uma caixa de 2,7kg de urânio enriquecido a 87,7% — nível comparável ao grau de pureza das ogivas atômicas do Pentágono. Seis meses depois, as forças de segurança identificaram mais 500 gramas do mesmo material na capital e outra amostra de 17 gramas numa cidade no sul do país. Num dos mais graves episódios de contrabando nuclear já descobertos, vários russos e um físico nuclear tcheco foram detidos, aparentemente sem terem conseguido vender o produto. Para destacar a gravidade do caso, especialistas lembram que a bomba de Hiroshima tinha "somente" 25 quilos de material nuclear.

A batalha contra um ataque atômico terrorista é travada em duas frentes: garantindo a segurança das mais de 20 mil ogivas nucleares do planeta, e aumentando a proteção aos centros de enriquecimento de urânio, laboratórios de pesquisa civis e militares e depósitos de combustível. Todos os furtos registrados aconteceram em centros de pesquisa, e não nos estoques.

O maior desafio é garantir o sigilo e evitar que o pessoal empregado em instalações sensíveis possa fornecer informações ou dar apoio a Estados com objetivos obscuros ou grupos terroristas. Apesar de o design de uma ogiva atômica ser complicado, fabricar uma bomba suja, com carga convencional e uma pequena quantidade de urânio enriquecido é bastante simples. A explosão teria um valor muito inferior ao de uma ogiva atômica.

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