O governo brasileiro está na iminência de decidir qual a melhor alternativa para equipar a FAB - Força Aérea Brasileira com 36 aeronaves de caça supersônicas (Programa F-X2). Por que este assunto vem levantando tanto interesse da mídia dos países desenvolvidos e em desenvolvimento do globo? Por que um “simples” reequipamento da FAB vem levando os presidentes e principais autoridades das nações participantes desta concorrência a se envolverem diretamente?
O objetivo desta carta é esclarecer a população brasileira da real importância deste processo e como o o mesmo irá influenciar as nossas vidas.
Em todas as Forças Militares do mundo, e o Brasil não é uma exceção, a aquisição de material bélico tem que obedecer inicialmente às necessidades estratégicas militares, seguidas de seus custos e benefícios econômicos para a nação e por fim geopolítica, sendo esta última baseada nos interesses do país em se posicionar soberanamente.
A FAB escolheu o caça sueco Gripen devido às características tecnológicas, econômicas e de desempenho apresentadas por esta aeronave.
Porém, segundo dados divulgados pela imprensa, a empresa concorrente Dassault, francesa, com o avião Rafale, teria um custo de US$ 6,2 bilhões e um valor de manutenção de US$ 4 bilhões, totalizando US$ 10,2 bilhões. Já a concorrente Boeing, americana, com o avião F-18, teria um custo de US$ 5,7 bilhões, com um valor de manutenção de US$ 2 bilhões, totalizando US$ 7,7 bilhões. Por sua vez, a concorrente Saab, sueca, com o avião Gripen NG, teria um custo de US$ 4,5 bilhões, com um custo de manutenção de US$ 1,5 bilhões, totalizando um valor de US$ 6 bilhões. Além disso, o caça francês, preferido pelo Governo Federal, gerará em nosso país menos de 10% dos empregos que seu concorrente Gripen.
Por fim, o Brasil ficará extremamente dependente de uma única nação como fornecedora de material bélico, já que firmou com o governo francês compromisso de compra de cinco submarinos, na ordem de R$ 11,5 bilhões, e de 50 helicópteros, por mais de R$ 4,7 bilhões, o que estrategicamente é um erro absoluto para uma nação que pretende se tornar soberana.
Um governo é o representante legal do povo que o elege, portanto, deve ter como principal compromisso usar com responsabilidade e sabedoria todos os recursos arrecadados com os impostos pagos pelos contribuintes.
O que motivou o governo brasileiro a declarar sua preferência por uma aeronave mais cara e que nos trará menos benefícios?
A FAB é real sabedora do que ela necessita, pois com sua competência e capacitação deu suporte para construir a terceira maior indústria aeronáutica do planeta.
Portanto, qual o motivo de negligenciar a escolha da FAB e seus especialistas?
Este é um momento único, pois o Brasil desponta como uma das candidatas à potência global, levando os governos de todos os países participantes desta concorrência a se envolver diretamente. Portanto, em situação igual, qualquer negociante com a mínima competência conquistaria vantagens para sua organização.
No entanto, o governo, segundo reportagens recentes, vem buscando contrariar a lógica da racionalidade, ao preferir um produto que absorverá de nosso tesouro além do necessário para defender nosso espaço aéreo.
O caça francês, se escolhido, será uma derrota para todo o povo brasileiro, pois perderemos a oportunidade de nos tornarmos soberanos e independentes como nação e como potência.
Em consequência disso, a diretoria do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) Regional de São José dos Campos, que congrega cerca de 60% das empresas do setor aeroespacial e de defesa brasileiro, está preocupada com a finalização deste processo, no qual se discute que o trabalho meticuloso, sério e profissional, desenvolvido pelo Comando da Aeronáutica, pudesse ser desconsiderado.
A Diretoria do CIESP – Regional de São José dos Campos vem a público declarar que considera de vital importância para o futuro da indústria de defesa brasileira que, com relação ao F-X2, o processo de seleção conduzido pelo Comando da Aeronáutica, suas conclusões e recomendações sejam acatados e respeitados pelo governo federal.
São José dos Campos, 10 de fevereiro de 2010
Almir Fernandes
Diretor
Ney Pasqualini Bevacqua
Nerino Pinho Junior
Vice-Diretores
CIESP – Regional de São José dos Campos
A CIESP está absolutamente equivocada.
ResponderExcluirA opção pelo caça francês não está relacionada apenas ao preço final do produto, nem à possível geração de empregos diretos imediatos no país (que é proporcionalmente mínimaem todos os casos).
A opção pelo caça francês é política e estratégica. Este é o único - entre os três caças que chegaram à final da concorrência -, cujo fabricante aceitou transferir tecnologia e direitos de fabricação das peças de reposição, com a possibilidade de transferir os direitos de fabricação e venda na América do Sul. Ou seja, além da tecnologia, que não tem preço, o Brasil poderia fabricar e vender esta aeronave para os vizinhos sul-americanos.
Quanto à idéia defendida pela CIESP, de que o resultado final deste processo poderá ser uma "derrota para o povo brasileiro", eu arriscaria dizer que esta não é mais uma possibilidade, isto já aconteceu. Aconteceu quando, em 2008, o governo brasileiro decidiu retirar o Sukhoi Su-35 da concorrência para o FX-2, e incluir em seu lugar o F-18, um avião de projeto muito antigo (anos 1970 entrando em operação nos anos 1980), sem transferência tecnológica alguma, que nos manteria dependentes do fornecimento de qualquer peça de reposição vinda dos EUA. É por isso que o F-18 é mais barato, pois é do tipo que vai sair caro no longo prazo, sem benefícios secundários. O Sukhoi Su-35 era a melhor opção, tinha as melhores turbinas, os melhores aviônicos, melhor capacidade de autonomia, de carga e de combate. Basta lembrar que o Su-35 foi projetado para ser um "matador" de F-18 em um espaço aéreo continental que é o espaço aéreo russo e áreas próximas, como o Ártico ou Ásia Central.
Isto foi resultado da fraqueza do governo que não soube enfrentar a diplomacia dos EUA, que simplesmente nos pressionou o Brasil, e nós cedemos, como sempre.
Entretanto, o recuo no FX-2 não foi a pior parte. Cedendo às pressões dos loobies americanos e da pressão diplomática do governo dos EUA, o governo brasileiro decidiu se retirar do consórcio russo-indiano que levaria à fabricação do caça de 5a geração PAK-FA stealth. Seria o avião perfeito para o "FX-3", entrando em operação por volta de 2015 e garantindo um caça inteiramente construido para adquirir superioridade aérea em qualquer cenário da próxima década, ou seja, um caça russo-indiano projetado para fazer frente aos melhores aviões americanos, o F-22 e o F-35.
Agora, na atual circunstância nos restaram 3 opções para o FX-2:
- um avião antigo dos EUA (tecnologicamente ultrapassado por duas gerações de aeronaves fabricadas peos próprios americanos), sem transferência tecnológica alguma.
- um avião sueco que não existe. Está em fase de projeto e poderá até ser uma boa aeronave, mas seria um caso muito problemático adquirir uma aeronave que nunca voou, e que ainda depende de peças fabricadas fora da Suécia, como a turbina americana e os aviõnicos europeus e israelenses. Ou seja, a empresa Saab da Suécia não tem como garantir que o preço final será aquele mesmo, pois ela depende de fornecedores de outros países para "montar" o avião. Seria uma aposta feita completamente às cegas.
-um avião francês, desenvolvido pela Dassault, que, embora não seja de 5a geração, é o melhor avião fabricado pela França, após décadas de desenvolvimento tecnológico autônomo, com garantia de transferência tecnológica completa.
Nestas circunstâncias, sabendo que nenhuma destas aeronaves nos dará capacidade militar de superioridade aérea contra outras grandes potências, nos resta apenas esperar que a transferência tecnológica nos permita, num futuro próximo, fabricarmos nossos próprios aviões de 4a geração.
O preço final maior é, obviamente, pequeno, se for considerado o valor desta tecnologia.
Lucas, sua informação está incorreta. Além do que já foi divulgado, a Saab lançou uma nota oficial informando que já disponibilizou a documentação de toda a tecnologia referente ao Gripen ao governo brasileiro, demonstrando a total e irrestrita transferência de tecnologia. E, ainda, o Gripen é o único que oferece produção total no Brasil, feito por brasileiros, gerando empregos, conhecimento e tecnologia, além de comércio, já que poderemos exportá-lo.
ResponderExcluirConcordo que o Sukhoi seria a melhor opção e tenho esperança de que ainda façamos um acordo com os russos. Um abraço.