TEERÃ. A Guarda Revolucionária do Irã testou ontem cinco mísseis no Estreito de Hormuz, uma das principais vias de escoamento de petróleo da região. A ação militar aconteceu num momento em que crescem as tensões entre o país e o Ocidente por conta do programa nuclear iraniano, que muitos acreditam ser destinado à confecção de bombas atômicas.
Durante o treinamento, o comandante da Guarda, Massoud Jazayeri, disse à agência oficial Irna que o Irã tem um plano de dissuasão que deixaria o inimigo arrependido se lançasse um ataque contra o país. Ele ainda reiterou a posição do Irã de que forças estrangeiras na região deveriam partir, aparentemente se referindo à presença dos EUA nos vizinhos Iraque e Afeganistão.
— Os que vieram para nossa região devem partir, porque os consideramos como o inimigo — alertou.
De acordo com a agência local Fars, as unidades navais da Guarda Revolucionária dispararam cinco mísseis contra um alvo, sem deixar claro se são mísseis recém-criados. "Apesar dos diferentes locais de onde os mísseis foram disparados, todos eles atingiram o alvo simultaneamente e o destruíram completamente" informou a Fars.
Acordo prevê fornecimento de urânio do Zimbábue
O exercício, um dos muitos que o país tem levado a cabo aparentemente para demonstrar sua capacidade de revide contra possíveis ataques de Israel ou dos Estados Unidos, coincidiu com um acordo firmado com o Zimbábue para o fornecimento de urânio, a matériaprima principal para geração de energia nuclear.
Segundo reportagem do jornal britânico "The Sunday Telegraph", o acordo foi assinado, longe do olhar da imprensa, durante uma visita do ministro de Estado para Assuntos Presidenciais, Didymus Mutasa, no mês passado. O intercâmbio prevê que o Irã forneça petróleo para movimentar a economia enfraquecida do Zimbábue, enquanto o governo de Robert Mugabe permite o acesso a suas reservas de urânio.
— Apoiamos o direito do Irã de usar energia nuclear de forma pacífica — afirmou Mugabe.
Os Estados Unidos defenderam mais sanções da ONU contra Teerã por conta da recusa em suspender suas atividades nucleares como determinado pelo Conselho de Segurança da organização.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, se encontrou com o chefe da agência nuclear da ONU para discutir a empacada proposta de troca de combustível nuclear que pode suavizar a disputa de Teerã com o Ocidente, além das inspeções na República Islâmica.