Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou simpatia pelo caça Rafale, no já distante 7 de setembro do ano passado, esperava-se que o gesto, no mínimo, apressasse a conclusão de um processo que já se arrasta por mais de dez anos.
A demonstração pública de preferência pelo jato francês, que disputa com o americano F-18 e com o sueco Gripen a concorrência bilionária que decidirá qual deles reequipará a Força Aérea Brasileira, foi vista como um gesto que combinava uma escolha técnica defensável com uma decisão política conveniente.
As vantagens técnicas e comerciais dos franceses pareciam nítidas: moderno, o Rafale traria consigo um pacote generoso de transferência tecnológica e condições de financiamento muito favoráveis.
A conveniência política seria a de negociar com um parceiro de peso, a França, com o qual o governo demonstra mais simpatia do que pelos americanos.
Bastou Lula abrir a boca, no entanto, para que a Boeing, fabricante do F-18, e a Saab, do Gripen, melhorassem suas propostas. E o resultado é que, pelo que tudo indica, o Brasil reequipará sua Força Aérea em condições tecnológicas mais vantajosas e por um custo menor do que parecia de início.
Esta foi, até aqui, a única vantagem de adiar por tanto tempo uma decisão tão delicada. Todo o resto mostra a necessidade de acelerar o passo, independentemente do modelo a ser escolhido.
A compra de novos aviões, capazes de oferecer ao Brasil uma proteção aérea mais eficaz, torna-se a cada dia mais importante.
Se a decisão for tomada já, ainda serão necessários cerca de quatro anos para que os aviões comecem a ser entregues, para que pilotos e mecânicos sejam treinados. E para que o Brasil, finalmente, passe a ter caças em condições de oferecer garantias de defesa à parte significativa de (para citar apenas um exemplo) suas reservas e plataformas de petróleo localizadas em alto-mar.
Os aviões são necessários, e o pior que o governo pode fazer é postergar ainda mais a decisão.