WILSON TOSTA - Agencia Estado
Em meio a notícias sobre lobbies de americanos, franceses e suecos em torno da licitação para escolha dos novos aviões de caça da Força Aérea Brasileira (FAB), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse hoje que a fase em que os concorrentes poderiam apresentar novas ofertas para o negócio está encerrada. "Já passou isso, estamos na fase, digamos, do afunilamento final", afirmou, após falar na abertura do seminário "Segurança Internacional: perspectivas brasileiras, o cenário global", na Fundação Getúlio Vargas.
Ele prometeu para depois da Páscoa o relatório no qual recomendará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a escolha de um dos modelos entre o F/A-18 Super Hornet (da Boeing, EUA), o Rafale (da Dassault, França) e o Gripen NG (da Saab, Suécia). A disputa pelo contrato do projeto FX-2, de US$ 10 bilhões, envolve os governos dos três países.
Os EUA aproveitaram a passagem do porta-aviões USS Carl Vinson pelo Rio, com alguns Super Hornet a bordo, e a visita da secretária de Estado, Hillary Clinton, ao País, para promover sua aeronave. O presidente francês Nicolas Sarkozy recorreu a seu bom relacionamento com o presidente Lula para defender o seu produto, que tem a preferência de autoridades brasileiras. E até o rei da Suécia, Carl Gustaf, veio ao Brasil e abordou o assunto em conversa com o presidente brasileiro. No momento, o assunto está muito perto da decisão, segundo o ministro.
"Está terminando. Agora, o trabalho está com a consultoria jurídica do Ministério da Defesa, fazendo o exame jurídico da legalidade toda do procedimento, para que depois eu faça a exposição de motivos ao presidente", declarou. "Com isso, creio que depois da Páscoa terei condições de apresentar ao presidente a exposição de motivos, em dois aspectos. Um, fazendo uma sugestão em relação a uma das opções. Ou seja, o Ministério da Defesa entende a necessidade de que o próprio Ministério tenha uma posição e a leve ao presidente. Segundo, fixando parâmetros para o prosseguimento de negociações com o eventual escolhido."
Jobim assegurou que a escolha ainda não foi feita. "Não dá para botar a carroça à frente dos bois", destacou. O ministro afirmou que o Brasil não está comprando um avião, mas um "pacote tecnológico", que capacite o País a produzir as aeronaves, futuramente. Disse também que começará a trabalhar no relatório para Lula assim que a consultoria jurídica concluir seu parecer.