Roberto Godoy - O Estadão de S.Paulo
A escolha do novo caça avançado da aviação de combate chega ao fim sem surpresa e de acordo com a vontade do governo. O Rafale vai custar caro, mas menos do que tem sido especulado, alguma coisa entre R$ 5,5 e R$ 6,5 bilhões, com chances de redução ao longo do tempo, afirmam assessores do ministro da Defesa, Nelson Jobim. A preferência pela oferta da França, envolvendo 36 supersônicos e os suprimentos, esteve em alta desde o anúncio da lista final, que incluiu o caça americano F-18 e também o Gripen NG, sueco. No Planalto, houve sempre observações negativas sobre o emaranhado de leis que dificultam nos Estados Unidos as vendas de sistemas militares por meio de contratos com cláusula de transferência de tecnologia e a respeito das incertezas do projeto NG. O uso da palavra "irrestrita" na oferta da Dassault, levou vantagem sobre "necessária", da Boeing, no tratamento da questão da entrega de conhecimento. A proposta da Saab, de participação no desenvolvimento final da sua aeronave, não superou as possibilidades do acordo com a França, uma parceria que aponta em direções diversas, entre as quais uma frente bilateral em questões internacionais. O fato concreto, da vida real, é que a decisão não pode esperar mais - o processo acumula 10 anos de atraso e a Força Aérea Brasileira (FAB) começa a sentir a pressão da crise: a frota precisa ser desativada a partir de 2015 quando os Mirage 2000C/B comprados usados pelo presidente Lula na França sairão de cena. Na contagem de tempo própria da indústria aeronáutica, quatro anos é, a rigor, amanhã. Qualquer que seja a aeronave escolhida já não é possível garantir com segurança a compatibilidade entre prazo e necessidade. É esse o subtexto da mensagem do Alto Comando entregue ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, há dois dias.