CAMILA DOMINGUES - Correio do Povo (RS)
Depois de permanecer 30 dias em Porto Príncipe, onde comandou o Hospital de Campanha (HCam) da Força Aérea Brasileira (FAB), o diretor do Hospital da Aeronáutica de Canoas, coronel-médico João Carlos Rodrigues de Azeredo, admitiu ter sido essa a sua mais nobre missão profissional e pessoal. De volta ao Rio Grande do Sul, Azeredo lembra da menina haitiana Stephanie, de 11 anos, a quem chamava de "princesa". "Atingida por uma laje durante o terremoto, ela fraturou a tíbia e teve perdas substanciais de tecido e óssea. Ficou internada no HCam por quase todo o período em que permaneci no Haiti. E, mesmo sofrendo, nunca demonstrou tristeza no olhar", recordou.
São muitas as histórias envolvendo crianças para contar. E a certeza de que, se for requisitado mais uma vez para ajudar o povo haitiano, não hesitará em dizer sim. Entre 10 de fevereiro e 15 de março, a equipe chefiada por Azeredo realizou 1.721 procedimentos, atendeu a 294 casos com risco de morte, além de 606 pessoas que apresentavam problemas ortopédicos. "Realizamos 473 atendimentos ginecológicos e 175 odontológicos", contabilizou.
O coronel-médico destacou o empenho dos 97 militares que estiveram sob seu comando, entre eles a capitão-médica Liliane Borges e os sargentos-enfermeiros Cleber Peixoto e Andrei de Oliveira Strattmann, vinculados ao Hospital da Aeronáutica de Canoas. "No Haiti, tive a certeza da existência de uma força mais poderosa que o vapor, que a eletricidade e que a energia atômica: a vontade", confidenciou.