Começa o treinamento dos 200 militares que já estarão em campo hoje com a missão de combater o Aedes aegypti
Mariana Moreira - Correio Braziliense
Começou ontem o treinamento dos 200 militares cedidos pelas Forças Armadas para ajudar no combate à dengue, doença que já alcançou 1.956 registros confirmados no Distrito Federal e cuja epidemia é a pior da história, segundo as autoridades locais de saúde. Pela manhã, 100 soldados selecionados pelo Exército receberam capacitação do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do DF. À tarde, foi a vez de 50 representantes da Marinha e 50 da Aeronáutica. No primeiro encontro, o treinamento foi teórico, mas hoje e amanhã, a partir de 9h, eles serão integrados à força-tarefa organizada em Ceilândia para combater a dengue.
Os militares poderão ficar em campo por até 45 dias. O treinamento foi aberto pelo secretário de Saúde, Joaquim Barros. "O Brasil enfrenta um inimigo perigoso, invisível e capaz de se adaptar fantasticamente aos ambientes. Hoje, assumimos que não podemos acabar com ele, mas temos que colocá-lo em xeque", declarou Barros, referindo-se ao mosquito Aedes aegypti. Ele destaca que a secretaria estuda uma medida legal que permita a entrada de agentes em domicílios, mesmo sem o consentimento dos moradores. O secretário espera encaminhar até a próxima semana documento à Procuradoria-Geral do DF pedindo apoio nesse sentido.
Todos os oficiais selecionados para a ação são efetivos, ou seja, já cumpriram o serviço militar obrigatório. Quando forem a campo fazer as visitas, eles se dividirão em grupos de cinco a 10 integrantes e estarão sempre acompanhados dos agentes. A Secretaria de Saúde, que irá definir as áreas de atuação dos militares nos próximos dias, providencia uma identificação especial para o grupo.
Material
Durante a capacitação, eles receberam uma pasta com o material necessário para o trabalho: prancheta, formulários de visitas, protetor solar, cola, lápis, borracha, apontador e um recipiente com larvicida. As Forças Armadas fornecerão o transporte e a alimentação ficará a cargo do GDF. De acordo com o major Marcelo Barreto, do Comando Militar do Planalto, o treinamento é importante para que o grupo, além de contribuir com a sociedade em um momento delicado, possa levar as informações às áreas aonde vivem. "Esses militares temporários poderão, no futuro, até trabalhar na área de Saúde", acredita ele.
A palestra abordou a situação da dengue no país, sintomas da doença, tipos de criadouro, como tratá-los e a conduta dos agentes. Um vídeo sobre as fases de evolução do mosquito foi exibido. Um dos espectadores era o cabo Edgar Cruz, 24 anos, lotado no Batalhão de Polícia do Exército. Morador de Ceilândia, estava feliz por poder ajudar a própria comunidade e por ampliar seus conhecimentos sobre a doença. "Não sabia que só a fêmea do mosquito pica", afirma. Capitão do Batalhão da Guarda Presidencial, Tarso de Souza, 29, conhece melhor a doença. Afinal, ele já contraiu a dengue, há cerca de 10 anos. "Sentia muita dor no corpo, nas articulações, e a febre ia e vinha", relata. Segundo ele, a atuação no combate à dengue é uma oportunidade para os militares mostrarem que são participativos nas questões comunitárias.
"O Brasil enfrenta um inimigo perigoso, invisível e capaz de se adaptar fantasticamente aos ambientes. Hoje, assumimos que não podemos acabar com ele, mas temos que colocá-lo em xeque"
Joaquim Barros, secretário de Saúde do DF