Com 2,1 mil notificações, Carangola, na Zona da Mata, recebe apoio de soldados na campanha contra a disseminação do mosquito Aedes Aegypti. Capital faz plantão neste fim de semana
Ricardo Beghini - Estado de Minas
A dengue começou a se alastrar em dezembro na cidade, que tem 32 mil habitantes. O Bairro Triângulo, na região central, é considerado ponto de origem da epidemia. Nos hospitais é possível perceber a grande procura de pacientes com sintomas. A preocupação dos moradores não ocorre somente em função dos números oficiais. O problema é que nem todos os doentes procuram o serviço de saúde, o que pode esconder a dimensão real da doença no município.
"O quadro é estável, mas continua preocupante", disse Amaury Costa. De acordo com ele, a expectativa é de que o mosquito dê uma trégua nos próximos dias, graças ao fator climático. As temperaturas em Carangola, como em toda região Sudeste, caíram, atrapalhando a procriação do Aedes aegypti. "Em janeiro, os termômetros chegaram a 37 graus. Espero que, agora, a situação melhore", assinalou o secretario de saúde.
O mutirão de ontem ocorreu em três frentes. Além da limpeza de calçadas e quintais, houve pulverização de inseticidas por meios de bombas costais e aplicação de larvicidas em moradias vulneráveis. O trabalho começou pelos bairros Santa Maria, Ouro Verde e Amendoeira. Para reforçar as ações foram enviados agentes de saúde das prefeituras de Espera Feliz, Caparaó, Alto Jequitá, Divino, Fervedouro, Tombos, Pedra Dourada e Manhumirim. Eles retornaram no final da tarde às cidades de origem.
A secretaria municipal admite que o número de infectados pode ser bem maior, uma vez que nem todos os moradores com os sintomas procuram o serviço médico. A proprietária do principal laboratório de análises clínicas da cidade, Danielle Andrade, confirma a hipótese. Segundo ela, desde o início de dezembro, cerca de 450 exames com a sorologia específica para o vírus da dengue deram positivo. No entanto, mais de 1 mil clientes procuram o laboratório para realização do hemograma completo, que não é passível de notificação. O exame de sangue, juntamente, com a avaliação médica pode determinar o diagnóstico.
"Às vezes, apenas uma pessoa da família faz a análise. Se der positivo, outros membros não procuram o laboratório para não gastar dinheiro". Danielle estima que entre 20% e 30% da população esteja contaminada. "Toda família de Carangola tem uma pessoa com dengue. O combate aos focos tem que ser o ano inteiro", desabafou a bioquímica.
José Ricardo, que também atende pelo SUS, acredita que pelo menos 10 colegas do SUS tenham contraído a dengue. O número representa 20% do quadro de médicos do município.