Roberto Godoy - O Estadao de S.Paulo
O negócio com a Venezuela, que o Brasil perdeu em 2005 por causa de um veto dos EUA, a China ganhou, e já está entregando o produto - 18 caças K-8, bombardeiros leves, de ataque e treinamento. Na semana passada os seis primeiros jatos chegaram a uma base não identificada da Força Aérea Bolivariana. Uma esquadrilha foi apresentada no sábado ao presidente Hugo Chávez. O pacote completo, que inclui treinamento e peças, é avaliado em US$ 300 milhões.
A encomenda original discutida com o Brasil era maior. O negócio estimado em R$ 1,2 bilhões envolvia 12 caças AMX-T e 24 Supertucanos, ambos da Embraer. Parte desse lote seria montado na Venezuela. O presidente Lula foi a Caracas para a formalização da "aliança estratégica bilateral", em 15 de fevereiro de 2005. O acordo, porém, terminou depois que o governo dos EUA vetou o fornecimento das aeronaves alegando o uso de sistemas e componentes produzidos com tecnologia americana. O episódio foi lembrado, sábado, pelo ministro da Defesa, Carlos Mata: "Tentamos obter essas aeronaves em outro fabricante, mas fomos impedidos." Chávez disse que os jatos K-8 serão utilizados "na luta contra o narcotráfico e a vigilância das fronteiras". Sobre a transação, destacou "a ajuda de Deus e o apoio de nações amigas para que a Venezuela seja uma potência socialista". O K-8 é semelhante ao AMX - ambos são tripulados por 2 pilotos, voam na faixa de 900 a 1.000 km/hora, têm alcance na faixa de 2,7 mil km. O AMX leva 3,8 toneladas de cargas de combate. O K-8, apenas 2,2 mil quilos.