O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, começa hoje uma visita oficial à Rússia, cujo objetivo principal é pedir o apoio do Kremlin a uma nova rodada de sanções contra o Irã.
Com o avanço no enriquecimento de urânio iraniano, a opção militar voltou a fazer sombra sobre o embate político, ainda que o apoio internacional seja mínimo. Além do risco de guerra regional, há o receio de que um ataque fizesse disparar o preço do petróleo.
Para Israel, que segundo especialistas possui armas atômicas há cinco décadas, um Irã nuclear é considerado o risco número um. Embora dominado pela direita linha-dura, o atual governo israelense entrou em compasso de espera, impelido por dois fatores: o endurecimento do governo Obama e pela onda de oposição contra o regime iraniano.
A instabilidade interna no Irã vem sendo acompanhada em detalhe pelo alto escalão israelense, na expectativa de que o desfecho seja a troca de regime. Um ataque, neste momento, poderia reverter o processo.
"Há quem diga que um ataque uniria o povo iraniano", disse à Folha o general da reserva Shlomo Brom, ex-diretor estratégico do Exército israelense. "Outros preveem o oposto, que aumentaria a pressão da oposição sobre o governo. Ninguém sabe ao certo."
Para o analista Amir Oren, do jornal "Haaretz", Israel precisa da confluência de quatro fatores para ordenar um ataque: necessidade vital, capacidade operacional, apoio interno e consentimento externo.
Oficialmente, Washington, principal aliado de Israel, se opõe a um ataque, mas usa a possibilidade para elevar a pressão sobre Teerã e reforçar sua campanha por sanções mais duras.
"Todas as opções estão sobre a mesa", reiterou ontem o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, Mike Mullen, em Israel.
A opção militar esbarra em problemas operacionais. Para analistas, os riscos de um ataque ao Irã seriam infinitamente maiores que em ações israelenses do passado, como a que destruiu o reator de Osirak, no Iraque, em 1981. Mas o Irã espalhou suas instalações em vários pontos do país, algumas em abrigos subterrâneos, e cercou-as de baterias antiaéreas.
"A complexidade é tamanha que talvez essa não seja uma missão para a aviação", diz o ex-piloto Zeev Raz, que comandou o ataque ao reator iraquiano. "Para garantir o sucesso, só uma incursão terrestre."