BRASÍLIA. O novo embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon, afirmou ontem que uma eventual derrota da empresa americana Boeing para a francesa Dassault na venda de caças à Força Aérea Brasileira (FAB) não irá prejudicar a relação do Brasil com os EUA. O diplomata acredita que a Boeing, fabricante do F-18, ainda está no páreo para a venda de 36 caças ao governo brasileiro. Ele defendeu o avião F-18 Super Hornet: — O produto Boeing é bom e merece a atenção do governo brasileiro. Esta é uma concorrência comercial, que não vai afetar nossa relação. É parte da nossa diplomacia comercial.
Segundo o embaixador, a venda dos caças mudou o paradigma americano com relação a transferência de tecnologia. A decisão da Boeing de incluir em seu pacote o repasse tecnológico, disse ele, não tem precedentes e é uma demonstração de confiança dos EUA no Brasil.
O presidente Lula deve anunciar a decisão até março, já que após o carnaval receberá do ministro da Defesa, Nelson Jobim, parecer sobre a compra. A escolha deve ser mesmo o francês Rafale.
Para reforçar sua decisão política, Lula deve convocar o Conselho de Defesa Nacional, ouvido anteriormente sobre a estratégia de defesa do país.
A decisão política de Lula já estaria tomada em favor de acordo com a França, mas ontem Jobim disse que o governo ainda não se decidiu. Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", Lula e Jobim teriam batido o martelo após a empresa aceitar reduzir de US$ 8,2 bilhões para US$ 6,2 bilhões o preço dos 36 caças.
— Não está definida a compra de caças. A notícia não tem fundamento. Estamos analisando a questão no âmbito do Ministério da Defesa — disse Jobim.