Terremoto de 7 graus abala capital do Haiti e afeta base brasileira
Testemunhas em Porto Príncipe relatam várias mortes e queda de dezenas de edifícios, incluindo a sede da presidência
Damaris Giuliana - Folha de SP, com Reuters, AP e Afp
PORTO PRÍNCIPE
O terremoto de 7 graus na escala Richter que atingiu Porto Príncipe, capital do Haiti, ontem deixou diversas pessoas feridas, incluindo militares brasileiros. Até as 23 horas, não havia informações sobre mortos.
Muitos prédios ruíram, entre eles, o Palácio Nacional (sede do governo), o principal hospital e os Hotéis Montana - onde mora o general brasileiro que comanda o braço militar da missão - e o Cristopher, utilizado como sede da Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (Minustah).
O chefe de comunicação social do batalhão brasileiro da força de paz, Alan Sampaio Santos, disse ao Estado, por telefone, que a cidade estava às escuras e confirmou que havia um número ainda não determinado de pessoas sob ruínas de instalações da ONU. "Existem militares e civis nos escombros, particularmente nos prédios da missão. Não temos o número de baixas. Mandamos vários comboios para os locais de desmoronamento, mas o trabalho vai durar a noite inteira. O comandante da força estava no Brasil e está se deslocando para cá. Estamos tentando restaurar a telefonia celular e a internet.
Santos acrescentou que a circulação na área estava comprometida. "Atendemos muitos feridos, mas chegamos no nosso limite. O hospital argentino também chegou no limite. Esta noite, eu estive em Cité Soleil e é muito difícil avaliar os danos. A gente não tem como avaliar. Ruiu uma parte do Forte Nacional e o acesso é complicado. Existem pessoas soterradas, mas não sabemos quantas. Com certeza nós perderemos alguns militares e haitianos também", disse o porta-voz.
Até o começo da madruga de ontem no Brasil, não havia informações sobre cifra de mortos ou feridos, mas testemunhas falavam em "dezenas de vítimas". Um alerta de tsunami foi emitido para a região do Caribe, mas foi retirado horas depois. O tremor foi sentido com intensidade na República Dominicana - que divide com o Haiti a Ilha de Hispaniola, no Caribe - e em Cuba.
O abalo - que ocorreu às 16h50 locais (19h50 de Brasília) e foi seguido por duas fortes réplicas, cujas magnitudes superaram os 5,5 graus na escala Richter - teve seu epicentro no distrito de Carrefour, 22 quilômetros a oeste de Porto Príncipe.
Um jornalista do canal Haitipal disse por telefone à France Presse que o Palácio Nacional e os prédios dos Ministérios de Finanças, Trabalho, Comunicações e o Palácio de Justiça haviam desmoronado, assim como o Parlamento e a Catedral de Porto Príncipe. A ONU informou que sua representação no Haiti também foi destruída e havia numerosos funcionários desaparecidos.
Um repórter da agência Reuters, Joseph Guyler Delva, disse ter visto dezenas de mortos e feridos entre os escombros, que bloquearam várias ruas da capital. Segundo o repórter, pessoas em pânico tomaram as ruas, escavando desesperadamente entre as ruínas em busca de parentes soterrados em meio à escuridão que tomou conta da cidade. "As pessoas gritavam "Jesus, Jesus" e corriam em todas as direções", disse.
Em entrevista à CNN, o embaixador do Haiti nos EUA, Raymond Joseph, pediu ontem ajuda internacional e disse que os danos do tremor podem ter "proporções catastróficas". "A única coisa que posso fazer é rezar e confiar que o pior não aconteça", declarou, abalado. Ele acrescentou que o presidente René Préval e a primeira-dama estão a salvo. Vários países se comprometeram a enviar ajuda, entre eles EUA, França, Colômbia e Venezuela - que despachou um navio com suprimentos.
"Todos estão aterrorizados e atônitos", disse Henry Bahn, funcionário americano.
130 soldados voltariam hoje
Ontem, após o terremoto, amigos e parentes ficaram sem informações sobre os militares brasileiros em missão no Haiti. "Tentei por e-mail, por MSN e uma meia dúzia de vezes por telefone", disse José Roberto Consentino, sem esconder a preocupação. Os amigos dele, integrantes da 11.ª Brigada de Infantaria Leve, com sede em Campinas, já estavam se preparando para voltar ao Brasil.
De acordo com o Exército brasileiro, um avião com 130 soldados deveria aterrissar hoje, às 17 horas, na Base Aérea de Guarulhos, na Grande São Paulo, mas até as 23 horas de ontem não havia confirmação sobre a volta dos militares.
Olá!
ResponderExcluirEu sou Damaris Giuliana, repórter aurora da matéria. Não conferi a íntegra do texto, mas bati o olho e encontrei um erro grave: eu trabalho no jornal O Estado de S. Paulo. Nunca trabalhei para a Folha de S. Paulo. Por favor, corrija a informação.
Obrigada!
Abraço
Perdão pelo erro de digitação... autora.
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