Chico Santos, do Rio - Valor
A empresa brasileira Santos Lab, do Rio de Janeiro, venceu concorrência internacional para o fornecimento de três aviões espiões não tripulados para as forças internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU) que atuam na segurança do Haiti, chefiadas pelas Forças Armadas brasileiras.
Contratados antes do terremoto que arrasou a capital haitiana, Porto Príncipe, para monitoramento de áreas de tensão, os aviões poderão ser usados também como auxiliares do trabalho de reconstrução das áreas destruídas. O valor do negócio foi mantido em sigilo, mas o Valor apurou que foi pouco inferior a R$ 2 milhões.
A Santos Lab, pertencente ao administrador de empresas Gilberto Buffara Jr. e ao desenhista industrial Gabriel Klabin, concorreu com empresas dos Estados Unidos, Israel e Espanha. Segundo Buffara, a vitória foi obtida no preço. Outra vantagem do do veículo aéreo não tripulado (Vant) brasileiro foi o fato de já ser bastante conhecido pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, que deverá opera-los no Haiti. A Marinha já comprou e opera 32 unidades do Carcará, nome com o qual o avião foi batizado.
Segundo Klabin, desenhista dos equipamentos, os aviões vendidos à ONU representam a quarta geração do Carcará. Eles têm duas horas de autonomia, contra uma e meia das gerações anteriores.
A fábrica, no bairro do Rio Comprido (zona norte do Rio), tem nove empregados.
A Santos Lab, cujo nome combina homenagem a Santos Dumont com a abreviatura da palavra laboratório, nasceu em 2006, quando Buffara e Klabin decidiram transformar em negócio a construção de aeromodelos que faziam para se divertir. O Carcará, nome dado pela Marinha do Brasil, foi desenhado para operar na topografia acidentada do Rio de Janeiro, o que, segundo Buffara, o torna vantajoso para operar em regiões basicamente planas, como o território do Haiti.
Com 1,60 metro de envergadura, o avião opera a até 3.500 metros acima do alvo a ser monitorado, mas a eficiência das câmaras é melhor numa altura até 300 metros. O avião já prestou serviços às forças policiais do Rio de Janeiro no combate ao tráfico de drogas em favelas e vem sendo utilizado também em trabalhos de levantamento de áreas para agricultura e reflorestamento. Na Marinha, é usado em serviços de patrulhamento no litoral, evitando o deslocamento de embarcações.