Igor Gielow - Folha de SP
Os três concorrentes para o fornecimento de 36 caças supersônicos à FAB (Força Aérea Brasileira) temem que a disputa política entre militares e o governo inviabilize a realização do negócio de até R$ 10 bilhões neste ano.
Segundo a Folha apurou, franceses, americanos e suecos têm essa mesma avaliação, ainda que haja diferença de interpretação no caso dos últimos -apontados pela Aeronáutica como donos da melhor oferta para suas necessidades, em relatório técnico que está nas mãos do ministro Nelson Jobim (Defesa).
Como é notório, Jobim e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm predileção pelo francês Rafale F3, por conta da aliança estratégica firmada com Paris. O avião, contudo, sai quase pelo dobro do Gripen NG no pacote proposto, e é mais caro que o americano Boeing F/A-18 Super Hornet.
A opção da FAB decorreu de dois fatores: o custo de aquisição e operação ao longo dos 30 anos de vida útil do avião, e a proposta mais aberta de desenvolvimento conjunto oferecida pelos suecos. Para americanos e franceses, o fato de o Gripen NG ser um modelo ainda em fase de testes o torna uma incógnita em termos de custo.
Em comum, todos acreditam que é grande a chance de a preferência da FAB ser suplantada por Jobim. O ministro já disse que vai reavaliar os pesos dados pelos militares a diversos itens analisados, o que pode mudar a classificação das aeronaves. Pela lógica, para favorecer o Rafale, ainda que a decisão final seja exclusiva de Lula.
O relatório foi aprovado na FAB no dia 18 de dezembro, e Jobim foi avisado pelo comandante da Força, Juniti Saito, de seu conteúdo.
Políticos do entorno do Planalto ventilaram a versão de que o texto seria preliminar e que foi alterado pela FAB ao gosto do Planalto, o que não é verdade. O que haverá é um relato de Jobim para Lula, após nova conversa com Saito.
Se uma mudança pró-Rafale ocorrer, especulam os concorrentes, o clima azedo entre governo e militares devido à ideia proposta de revisão da Lei da Anistia pode desandar. Lula poderia esfriar o debate jogando o tema para o Congresso.
Não que deputados e senadores tenham voz ativa na decisão, mas ao acatar um eventual “pedido de vistas” na reunião do Conselho de Defesa Nacional em que apresentará sua decisão, Lula poderá ganhar tempo.
O problema, para os concorrentes, é esse, embora não haja uma obrigação de data para a decisão. A campanha eleitoral se avizinha e o argumento de falta de legitimidade de uma gestão de saída pode servir de justificativa do adiamento.
F-X2: fabricantes também temem pelo processo
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É melhor tomarem uma decisão rápido, porque aparentemente as condições serão piores mais tarde, principalmente em meio as eleições. O ônus político já aconteceu, agora é hora de assumir a escolha que foi feita ou muda-la e cicatrizar logo essa ferida.
ResponderExcluirÉ preciso convencer a cúpula do governo a não confundir a nação brasileira com um partido político dirigido inescrupuloso, voraz e, segundo a imprensa, com um histórico de corrupção jamais visto na face da terra.
ResponderExcluirEnquanto a atitude de nossas forças armadas granjeia elogios das mais importantes nações, algumas atitudes políticas disparam gargalhadas e denigrem a imagem do Brasil.
E tem gente que não sabe porque o Congresso Americano veta/embarga algumas transferências de poder ao Brasil. É que ainda falta muita seriedade aos governantes eleitos pelo povo.
PT, arrastão contra a nação, não!
Discutam este assunto adequadamente no Congresso Nacional. E ouçam (OUÇAM) atentamente o Conselho de Segurança Nacional.
Só então decidam. Só então será uma decisão de Estado. Por enquanto não passa de uma tentativa de arrastão marginal.
Acho engraçado como qualquer atitude que o governo tome torna-se uma questão de política partidária pela direita. Os EUA sempre fizeram embargos de tecnologia em relação ao Brasil por questões geopolíticas. Se a direita não acredita que temos capacidade de incomodar os Estados Unidos (nada contra os EUA), eu aconselho a dar uma espiada nos índices geopolíticos da CIA em sua página de informações geográficas. O Brasil situa-se em posições de destaque em grande parte dos dados. A presença desse gigante no hemisfério sul pode tornar-se um grande problema de uma hora para outra. A própria CIA avalia dessa maneira. A não ser que nos tornassemos algum tipo de aliado, o que eu acho difícil.
ResponderExcluirEm função desse contexto, obter meios militares de origem americana é muito arriscado e contraproducente, independentemente de qualquer projeção de conflitos futuros.