InfoRel
Nesta quarta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, acompanhado pelos comandantes do Exército e da Marinha, se reuniu com os militares brasileiros no Haiti.
No avião em que chegaram a Porto Príncipe, também foram transportadas 14 toneladas de alimentos e água aos haitianos.
Na manhã desta quinta-feira, o Comando do Exército informou que o número de mortos entre os militares passou de 11 para 14. Sete ainda são dados como desaparecidos.
De acordo com o ministério da Defesa, o Brasil identificou os cinco problemas considerados mais graves do Haiti neste momento e que serão atacados pelas forças de paz: sepultamento dos mortos; socorro médico aos feridos; remoção de destroços; reforço da segurança nas operações; e distribuição de suprimentos, principalmente água e comida.
O plano foi definido em conjunto pelo ministro Nelson Jobim, o general Floriano Peixoto, que comanda a missão da ONU no Haiti, os comandantes do Exército, general Enzo Peri, e da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, o comandante do batalhão brasileiro em Porto Príncipe, coronel João Batista Bernardes, o embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman, a embaixatriz Roseana Kipman, o ministro-interino da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Rogério Sotili, e o representante do ministério da Saúde Guilherme Franco Neto.
Na avaliação de Jobim, como a população haitiana confia nos militares brasileiros, cabe ao Brasil empreender iniciativas próprias de socorro enquanto se busca o reforço dos demais países e organismos internacionais em apoio ao Haiti.
Segundo ele, “não podemos esperar; se há problemas, temos de passar por cima dos problemas". Nesta quinta-feira o ministro discutirá o plano com o presidente do Haiti , René Préval, e com líderes religiosos.
Acompanhado dos comandantes militares, Jobim também visitou as tropas atingidas pelos desabamentos. Muitos estavam feridos e outros deprimidos pela perda de companheiros.
"Sabemos do trabalho que vocês realizam aqui, a embaixatriz nos contou do empenho com o qual vocês ajudam nas atividades sociais. Viemos trazer os nossos parabéns e os nossos agradecimentos, e esperamos a pronta recuperação de vocês", disse o ministro.
Principais ações
1) Escombros - O Batalhão de Engenharia do Exército deverá receber reforço de 15 engenheiros e equipamentos pesados da construtora OAS, que realiza obras no Haiti e se ofereceu a ajudar nas ações emergenciais. As equipes trabalharam na remoção de escombros de prédios destruídos, para liberar o trânsito, e para resgatar corpos e feridos ainda vivos. A obstrução das ruas no primeiro dia impediu o deslocamento de máquinas para os pontos de maior gravidade, onde o socorro só podia ser feito por civis e militares que chegavam a pé. Também serão enviados 50 bombeiros brasileiros, com cães farejadores;
2) Atendimento médico - Há um colapso nos serviços de saúde, já que os hospitais também desmoronaram. Em frente do batalhão brasileiro há um acampamento de pessoas que buscam socorro. Diante das limitações de meios, os militares brasileiros socorreram as que apresentam maior gravidade e montaram um hospital de emergência sob a cobertura de uma garagem. Nesse cenário de guerra, iluminado por holofotes de emergência, cerca de 70 pessoas são atendidas dia e noite por médicos militares. Algumas estão mutiladas.
De imediato, foi determinado à Aeronáutica o envio de um hospital de Campanha, operado por 40 profissionais de saúde e com mil metros quadrados. A expectativa é de que seja embarcado nesta quinta-feira, do Rio de Janeiro. Também deverá ser enviado hospital de campanha da Marinha. O Ministério da Saúde também já embalou kits de medicamentos para atendimento básico de 10 mil pessoas, e a partir das avaliações da comitiva complementará com outros produtos. Foi solicitada também às autoridades norte-americanas ajuda imediata com medicamentos e também o envio de médicos e hospitais de campanha.
3) Corpos - Há grande preocupação com a existência de cadáveres abandonados nas ruas, o que pode provocar epidemias. Algumas pessoas estão sepultando seus mortos em encostas, com risco de exposição dos cadáveres nas chuvas. As autoridades brasileiras irão propor ao governo haitiano que indique uma área para instalação de um cemitério, para que os engenheiros brasileiros ajudem nos sepultamentos.
Um cuidado especial será tomado com os praticantes do Vodu, religião com forte presença no Haiti. Os parentes não aceitam que toquem em seus mortos enquanto não forem concluídos seus rituais. Nesse caso, a saída será os engenheiros abrirem as covas no novo cemitério e oferecer aos familiares para que eles próprios procedam aos rituais e o sepultamento naquele local, em condições sanitárias adequadas.
Os brasileiros mortos estão em câmara frigorífica do Brabatt. A ONU cuida dos procedimentos burocráticos necessários ao traslado para o Brasil. O procedimento é necessário para evitar que haja atrasos na tramitação dos processos de indenização às famílias.
4) Suprimentos - Há falta de água e comida para a população. O Brasil começa hoje a enviar ajuda ao Haiti e outros países prometem o mesmo. Mas é necessário montar uma estrutura de armazenamento e distribuição dos alimentos. Ainda hoje o Brabatt deverá concluir levantamento de áreas para armazenamento e de pontos de distribuição nas comunidades.
5) Segurança - Será necessário reforçar a segurança dos comboios de ajuda humanitária e de distribuição de alimentos e de ajuda médica. A avaliação é que, com o agravamento da situação, a população desesperada possa saquear os comboios e invadir os hospitais de campanha, o que paralisaria o trabalho de socorro. Mesmo antes do terremoto, já fazia parte da rotina dos militares fortalecer a segurança das equipes que distribuíam comida e brinquedos nos eventos em Porto Príncipe.
Defesa anuncia plano de socorro ao Haiti
0